Amigos lamentam a morte de Walter Galvani

Amigos lamentam a morte de Walter Galvani

Nomes como Luiz Osvaldo Leite, Airton Ortiz, Márcio Pinheiro, Ema Belmonte e Juremir Machado da Silva destacam a importância do jornalista e escritor para a cultura do RS

Walter Galvani foi responsável por dar oportunidade a uma geração de jornalistas egressos das universidades a partir dos anos 1960

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“Eu gostaria de destacar que o Galvani foi um exemplo de homem que prezava a fidelidade. Ele era fiel e amava Canoas, a sua cidade natal. Quando o chamavam para qualquer atividade, ele sempre aceitava de bom grado. A fidelidade dele à educação lassalista também era notória. Ele estudou em colégio lassalista e sempre exaltava o ensino dos irmãos lassalistas, principalmente a um professor que ainda é vivo, o irmão Henrique Justo, um especialista em Psicologia, Caracteriologia, Psicologia Diferencial. Galvani era sobretudo fiel à Empresa Jornalística Caldas Júnior. Os dois livros que ele escreveu sobre a empresa, ‘Um Século de Poder” e “Olha a Folha” foram de conteúdo riquíssimo sobre os 100 anos do Correio do Povo e sobre o fim da Folha da Tarde. Nestas duas obras e durante a sua carreira, ele sempre demonstrou o seu amor pela Caldas Júnior e todos que passaram pela empresa não deixavam de reverenciar a trajetória do Galvani. E finalmente a quarta fidelidade seria à história. Ele sempre fazia cronologias históricas diárias, fazendo com que nos recordássemos daquela data na história. Além de tudo, ele viveu e atuou sempre com fidalguia, elegância, bondade e um sorriso no rosto. Gosto de exaltar pessoas assim que têm vínculos com os locais por onde passou e o Galvani era assim. Ultimamente, convivíamos mais na Academia Riograndense de Letras e ele sempre foi atuante. Uma grande perda para a cultura do RS”
Luiz Osvaldo Leite, professor, teólogo e filósofo

"A imprensa gaúcha não perde, nesses tempos de pandemia, não só um grande jornalista, mas um pioneiro, um ícone. O jornalismo no Rio Grande do Sul deve ser dimensionado: antes e depois de Walter Galvani. Foi ele, através do seu pioneiro Programa de Estagiários, no vespertino Folha da Tarde, da Caldas Júnior, o grande descobridor de talentos do jornalismo do Rio Grande do Sul. Até então, em 1966, era quase impossível aos estudantes de Jornalismo do RS conquistarem uma vaga na imprensa gaúcha. Walter Galvani, então Chefe de Reportagem da FT, conseguiu com o Dr. Breno Caldas, presidente da Caldas Júnior, autorização para oferecer, através de seleção entre os universitários do último ano dos cursos de jornalismo da PUCRS, Ufrgs e Ufpel (as únicas universidades com graduação na área à época) a oportunidade de conseguir uma vaga. Eram três meses de estágio, conforme a classificação seriam chamados, a cada três meses, os demais selecionados. Começa aí nova fase da imprensa gaúcha. Os primeiros foram Iara Rech e Divino Fonseca. Foram efetivados. Em março de 1967, nova seleção: novos classificados. Eu estava entre eles e recebemos o aviso: três meses de estágio, sem chance de efetivação : “Dr. Breno nos disse, se continuar efetivando vai acabar o programa de estágio" . Só que Galvani conseguiu convencê-lo a efetivar e fazer a mudanças no perfil da FT. Com isso foram todos sendo efetivados e conquistando seus espaços. Foi a modernização da imprensa. A Folha da Tarde tornou-se o celeiro de talentos. A partir dai não só a imprensa gaúcha passou a absorver grande parte dos jornalistas, como a exportar talentos para outros estados. Galvani, com sua macrovisão, viu não só oportunidade de renovar a Redação, trazendo jovens, valorizando a universidade , como oferecer aos jovens estudantes a oportunidade de vivenciar o jornalismo na prática. Galvani merece todas homenagens pela sua visão e a oportunidade dada aos jovens jornalistas. Sou imensamente grata a ele, a quem devo, os ensinamentos e orientação desde o primeiro dia como repórter, e a oportunidade de por 50 anos , ter sido tão feliz na reportagem da Folha da Tarde e Correio do Povo".

Ema Belmonte, jornalista


"Walter Galvani foi uma amizade herdada - já era amigo de muitos anos da minha mãe e do meu pai (Laila e Ibsen Pinheiro) - e nos últimos anos tive a alegria e a honra do convívio ao seu lado. Como jornalista, escritor e figura presente na vida cultural de Porto Alegre, Galvani abriu caminhos - são reconhecidas as suas turmas de estagiários - e formou gerações de jornalistas e de leitores. Um mestre e, além de tudo, colorado".
Márcio Pinheiro, jornalista e crítico


"Quando eu morava em Cachoeira do Sul, eu estava me preparando para escolher um curso na faculdade, um dos motivos que me fez optar pelo Jornalismo era o Walter Galvani, porque naquela época eu acompanhava pelos veículos da Caldas Júnior. Então ele teve grande influência na minha vida profissional. Mais tarde, quando eu entrei para a Academia Rio-grandense de Letras, o Galvani já era acadêmico. A minha cadeira, na Academia, era ao lado da cadeira dele. E eu tive a honra de dizer a ele, por diversas vezes, que ele havia sido uma pessoa que tinha influenciado na minha vida e que agora, por uma dessas surpresas que a vida nos reserva, eu tinha ele ali ao meu lado na Academia. Que bom que eu tive oportunidade, de uma certa forma, ao dizer isso para ele, agradecer pelo incentivo que ele me deu. Convivi com ele durante um bom tempo na Academia de Letras. Era uma pessoa maravilhosa, era um ser humano extraordinário, sempre disposto a ajudar os colegas com a sua experiência, com a sua sabedoria, homem do Jornalismo e de Letras que ele era. Nesse quesito a perda para nós é lamentável, no mais alto grau. Mas não foi só para nós e para os familiares, essa tragédia atinge também a cultura do Rio Grande do Sul. O Galvani fez toda a carreira profissional dele defendendo a cultura do Rio Grande do Sul, como escritor e como jornalista. Vale lembrar que a primeira notícia que saiu na imprensa sobre a Feira do Livro de Porto Alegre, em 1955, quando estavam pela primeira vez montando as barracas na Praça da Alfândega, foi pelas mãos do Walter Galvani. E ele veio depois a se tornar patrono da Feira do Livro. E também foi go Conselho Estadual de Cultura. Então para mim é uma honra, porque foi meu colega como patrono da Feira do Livro. Não fui contemporâneo a ele no Conselho Estadual de Cultura, mas um dos motivos que me levou para o Conselho era ouvir os relatos que ele fazia sobre a importância do Conselho. Por isso, estamos todos chocados. O Rio Grande do Sul ficou mais pobre e mais triste.
Airton Ortiz, escritor, ex-patrono da Feira do Livro de Porto Alegre e presidente do Conselho Estadual de Cultura

 

“Li com grande apreço o livro “Um Século de Poder – os Bastidores da Caldas Júnior”, de Walter Galvani. Um belo livro. Admirei sua paixão pela cultura, pelo jornalismo e pelos livros. Perde a cultura do Rio Grande do Sul”.
Juremir Machado da Silva, jornalista, professor, escritor, cronista do CP e coordenador editorial do Caderno de Sábado

 

 


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