Atores e diretores condenam ataque neofascista em cinema a céu aberto em Roma

Atores e diretores condenam ataque neofascista em cinema a céu aberto em Roma

Quatro jovens foram agredidos após sessão gratuita do filme "First Reformed"

Correio do Povo

Francis Ford Coppola, Alfonso Cuarón, Keanu Reeves, Willem Dafoe, Guillermo del Toro e Spike Lee assinaram carta apoiando o projeto

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Nomes como Francis Ford Coppola, Alfonso Cuarón, Keanu Reeves, Willem Dafoe, Guillermo del Toro e Spike Lee lançaram neste final de semana uma carta em apoio a quatro jovens que saíam de uma sessão do filme “First Reformed”, de Paul Schrader, quando foram atacados por um grupo de extrema direita, em Roma. Quatro homens foram presos após o crime ocorrido às 4h do dia 16 de junho, numa área onde estava instalada o Cinema America, projeto que há sete anos realiza exibições ao ar livre na capital italiana. Dois um dos homens acusados pertencem ao Blocco Studentesco (Bloco dos Estudantes), ala jovem do partido neofascista CasaPound.

“Queremos expressar todo o nosso apoio e solidariedade aos meninos e meninas agredidos em Roma, à experiência do Cinema América e a todos os jovens que criam um diálogo entre o mundo da arte e o povo”, diz a carta, em italiano. “É inaceitável que ainda haja alguém que acha que pode impor sua opinião através do uso da violência. Não podemos aceitar uma ferida deste tipo, infligida não apenas (sobre) Arte e Cinema, mas para todo o mundo”, lê-se no texto, organizado por várias figuras importantes da indústria cinematográfica que trabalham para apoiar o grupo, incluindo o diretor artístico do Festival Internacional de Cinema de Veneza, Alberto Barbera, e o diretor do Festival de Cinema de Roma, Antonio Monda.

Entre os jovens atacados, um que usava uma camiseta do Cinema America se recusou a tirar a roupa quando os agressores lhe disseram para fazê-lo. Eles o atacaram com garrafas e quebraram o seu nariz. Outro recebeu vários pontos acima de sua sobrancelha. O Cinema America não é oficialmente uma organização política e recebe apoio financeiro da cidade e do Estado, além de patrocinadores, como a companhia aérea Alitalia. "É importante dizer que não somos a realidade antagônica e antifascista da extrema esquerda. Estamos ligados a valores de esquerda, mas somos muito democráticos. Nossos eventos são apoiados por muitas empresas privadas”, afirmou em entrevista à Indiewire o fundador do projeto, Valerio Carocci.

Ele acrescentou que a programação eclética não adota uma visão única do mundo e incluiu desde "Star War" até uma retrospectiva do diretor coreano Kim Ki-duk. "Nós só usamos a arte do cinema para fazer uma declaração política sobre um futuro positivo para Roma, porque as pessoas abandonam a casa sozinhas para se encontrarem nas ruas e se reunirem para compartilhar essa experiência", disse Carocci. No verão passado, o grupo informou que 150 mil pessoas participaram de suas exibições. “Estamos sob ataque porque podemos conversar com a grande maioria das pessoas de maneira muito bipartidária. É bastante claro que em todo o mundo neste momento, há alguma mensagem que o uso da violência privada é OK. Temos debates com o público sobre temas como racismo e solidariedade, inclusividade e a crise dos migrantes”, lamentou.


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