"Black Bird" usa trajetória de serial killer para falar de masculinidade tóxica

"Black Bird" usa trajetória de serial killer para falar de masculinidade tóxica

Taron Egerton interpreta um presidiário

Mariane Morisawa, especial para o Estadão - AE

Taron Egerton protagoniza a série 'Black bird'

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Crimes quase sempre estão no centro das obras do escritor Dennis Lehane. Mas, quando foi convidado a escrever e desenvolver a minissérie "Black Bird", cujo último episódio acaba de entrar no ar na Apple TV+, ele hesitou. "Eu não gosto de séries sobre serial killers", contou Lehane em entrevista ao "Estadão", por videoconferência.

"Black Bird" é baseada no livro de James Keene, escrito em parceria com Hillel Levin, em que ele detalha sua experiência com o assassino Larry Hall. Keene estava preso por tráfico de drogas quando recebeu a proposta de ganhar sua liberdade em troca de arrancar outras confissões de Hall, suspeito de ser um serial killer que matou ao menos 14 mulheres.

O escritor topou com a condição de que não fosse sensacionalista, nem explorasse o luto das famílias. O quinto episódio, o penúltimo, é focado em uma das vítimas. "Porque a vida que ela viveu era mais bonita, valorizada, radiante do que a de Larry. Essa é a razão pela qual ele é um serial killer", afirmou Lehane. Em vez de se concentrar nos atos de Larry, a minissérie discute a violência psicológica, o trauma, a má paternidade-maternidade.

Lehane decidiu transformar o material original em um estudo sobre a masculinidade. "Larry é o extremo mais sombrio da masculinidade tóxica. Ele acredita que precisa matar as mulheres para não sentir o que sente em relação a elas", disse Lehane sobre o serial killer interpretado por Paul Walter Hauser. "Mas Jimmy está muito confortável em fazer sexo vazio com mulheres. Sua jornada inclui percepções incômodas", contou o escritor.

Taron Egerton, que interpreta Jimmy, concordou. "Nós vimos um monte de histórias sobre homens masculinos - especialmente sobre homens masculinos brancos. Mas esta história examina o aspecto problemático e feio da masculinidade que não gostamos de admitir", observou o ator em entrevista com a participação do Estadão. "Não há como negar a feiura de Larry. Mas Jimmy também tem a sua. E é por meio de sua relação com Larry que ele começa a entender que tem alguns problemas. Jimmy aprende humildade ao dançar com o diabo."

O ator teve a chance de contracenar com Ray Liotta, em seu último papel para a TV. Liotta, morto em maio, faz o pai amoroso de Jimmy, um ex-policial que tem seu lado sombrio. "Trabalhei com atores de quem fiquei amigo. Aqui foi diferente, porque Ray decidiu apresentar-se para mim como se fosse meu pai", lembrou Egerton. "Não conversamos muito como Taron e Ray nos primeiros dias. Devagar, ele foi se abrindo. Foi uma relação muito afetuosa e delicada."


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