‘Boca de Ouro’ e ‘A Febre’ nas telas

‘Boca de Ouro’ e ‘A Febre’ nas telas

Refilmagem de clássico e produção premiada pelo mundo mostram força do cinema brasileiro

Marcos Santuario

Personagem principal da obra, vivido por Marcos Palmeira, e Malu Mader na nova versão de ‘Boca de Ouro’

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Entre as novidades que chegam aos cinemas, nas salas que já começaram a abrir suas portas, estão duas produções brasileiras. Uma delas é a releitura de um dos grandes autores do país, “Boca de Ouro”, clássico de Nelson Rodrigues, que está voltando também em nova montagem para o teatro. A estreia nos cinemas tem a direção de Daniel Filho, que participou da primeira filmagem do clássico de Nelson Rodrigues, em 1963, dirigido por Nelson Pereira dos Santos. Naquele momento, o diretor estava atuando ao lado de Jece Valadão e Odete Lara.

Na versão atual, Daniel Filho, que também faz uma ponta como um dos personagens da trama, reuniu os talentos dos atores Marcos Palmeira, Malu Mader, Lorena Comparato e Fernanda Vasconcellos, além de outros, para contar a história do bicheiro, malandro, bandido e sedutor que dá nome ao filme e que já foi vivido, além de Valadão, por Tarcísio Meira.

Para entrar no contexto da narrativa rodrigueana parte-se sim da ideia de que “todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira”. De forma criativa e envolvente, o texto de Nélson Rodrigues nos leva, pela batuta de Daniel Filho, a ingressar no universo do Boca de Ouro, pela narrativa de Guigui, a personagem de Malu Mader, que havia abandonado o marido para viver uma paixão ao lado do bandido. Guigui conta três versões do que diz ter vivido com o Boca, ao repórter Caveirinha, vivido pelo genial Silvio Guindane.

A adaptação da peça teatral de Nelson Rodrigues, escrita em 1959, tem roteiro de Euclydes Marinho e nos remete logo ao estilo dos episódios do “A Vida Como Ela é”, também produção da empresa de Daniel Filho. Dez anos depois de sua última atuação, a atriz Malu Mader volta às telonas para viver a intensidade da história do temido e respeitado bicheiro, figura quase mitológica no bairro de Madureira (Rio de Janeiro) durante os anos 50. Clássico do teatro brasileiro, “Boca de Ouro” estreou nos palcos em outubro de 1960, com direção e atuação de Ziembinski no papel-título.

A outra estreia é do premiado “A Febre”, de Maya. Ao longo de sua carreira em festivais, o filme recebeu mais de 30 prêmios até o momento e foi selecionado para ser exibido em mais de 60 festivais ao redor do mundo. Na sua estreia mundial, no Festival de Locarno, na Suíça, “A Febre” levou três prêmios para casa: o Leopardo de Ouro de Melhor Ator, para Regis Myrupu, o prêmio da crítica internacional Fipresci e o prêmio “Environment is Quality of Life”. No Brasil, o filme conquistou prêmios no 52º Festival de Brasília, no do Rio e no Janela Internacional de Cinema do Recife.

Na trama está a vida de Justino, indígena do povo Desana que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus. Desde a morte da esposa, sua principal companhia é a filha Vanessa, que vai estudar Medicina em Brasília. Com o passar dos dias, Justino é tomado por uma febre forte. Durante à noite, criatura misteriosa segue seus passos. Durante o dia, ele luta para se manter acordado no trabalho. Sua rotina no porto é transformada com a chegada de novo vigia. Nesse meio tempo, seu irmão vem de visita e Justino relembra a vida.


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