Capitã resgata o poder feminino no Universo Marvel

Capitã resgata o poder feminino no Universo Marvel

Brie Larson estrela primeiro filme solo da heroína

AFP e AE

Filme solo da super-heroína está nos cinemas

publicidade

Foram necessários diversos filmes dedicados à glória dos X-Men, do Homem de Ferro e outros tantos super-heróis antes de a Marvel dar vez a uma mulher num papel principal: a Capitã Marvel é um espetáculo maravilhoso do poder feminino. Neste filme, que estreia oficialmente nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros, há mulheres pilotando magistralmente aviões de guerra ou à frente de experimentos científicos muito importantes... e, claro, há Carol Danvers, heroína imbatível interpretada por Brie Larson. 

• Brie Larson vira a herói híbrida "Capitã Marvel"

Vencedora do Oscar em 2016 por "O Quarto de Jack", a atriz era conhecida por seus papéis em filmes independentes e por suas declarações feministas. "As mulheres estão estrelando filmes desde a era do cinema mudo", disse em entrevista ao The Hollywood Reporter. "Fizemos parte de todos os grandes movimentos artísticos. Mas as pessoas nos afastam quando o movimento ganha impulso e agem como se nunca tivéssemos estado lá". 

A capitã Marvel "é um dos personagens mais populares e poderosos dos quadrinhos e agora será o personagem mais poderoso da Marvel", disse Kevin Feige, diretor dos estúdios Marvel, uma empresa da Disney. Capaz de voar, disparar raios cósmicos, absorver energia, também tem um caráter muito sólido que lhe permitiu ter um papel crucial em um universo onde há pouco espaço para as mulheres. E esse filme explora precisamente um lado abertamente feminista, de que as mulheres não precisam provar nada para os homens.

Acabar com o estereótipo 

"Durante anos tivemos que lutar contra a falsa ideia de que o público não queria ver filmes sobre super-heroínas", declarou em setembro Kevin Feige, da revista Entreteinment Weekly. "Tudo por causa de filmes que não funcionaram 15 anos atrás, mas que eu sempre achei que não funcionaram, não porque contavam histórias sobre mulheres, mas porque não contavam boas histórias". Ele menciona como exemplos de fracasso "Elektra" em 2005, com Jennifer Garner, e "Mulher Gato", um ano antes, com Halle Berry.

Como resultado, por mais de uma década, a Marvel havia relegado suas personagens femininas a fazer parte de equipes de Vingadores, como a Viúva Negra, interpretada por Scarlett Johansson. Em um esforço para ser mais representativa, a subsidiária da Disney finalmente respondeu às demandas de personagens femininas, como parte do surgimento de movimentos como o #MeToo. Também tenta competir com a DC Comics, pertencente ao grupo Warner, que lançou em 2017 "Mulher-Maravilha", de Patty Jenkins, que foi um blockbuster arrecadando 800 milhões de dólares. Uma sequência é esperada - "Mulher-Maravilha 1984" - em meados de 2020. 

"Obviamente estou animada que os tempos estão mudados e que algumas mulheres são mais aceitas, mas acho que ainda há muito trabalho a ser feito", declarou à AFP a editora do filme, Debbie Berman, na estreia em Hollywood. A Marvel já deu uma reviravolta no ano passado com "Pantera Negra", filme que pela primeira vez focou-se em um super-herói negro, ambientado no reino fictício de Wakanda, na África. O filme conquistou três Oscar e se tornou um fenômeno.

Com "Capitã Marvel" investe tanto no espetáculo pirotécnico que o gênero exige quanto uma lição de auto-afirmação para o público feminino. O filme dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck se passa nos anos 90, época em que os celulares não eram tão comuns e onde, sem banda larga, o download de arquivos da rede levava muito tempo. Um aspecto que injeta humor e brinca com nostalgia. A trilha sonora também inclui temas de Garbage, Hole e No Doubt, bandas lideradas principalmente... Por mulheres.

Com passar do tempo, heroínas ganham complexidade dramática

O lançamento de "Capitã Marvel" é excelente oportunidade para recordar a importância que as heroínas tiveram e continuam tendo para a cultura pop. Entre 1938 e 1950, a chamada Era de Ouro dos quadrinhos não nos legou apenas cuecas por cima das calças - várias mulheres vestiram mantos e capas para lutar contra o crime nessas histórias.

No início de 1940, a protetora sobrenatural das selvas africanas Fantomah foi uma das primeiras heroínas, criada por Fletcher Hanks. No mesmo ano, o próprio Will Eisner concebeu a Lady Luck, que lutava contra o crime apenas com suas artes marciais.

A mais importante personagem desses primórdios, no entanto, foi Miss Fury, uma das principais inspirações da Mulher-Maravilha, que surgiria seis meses mais tarde. Publicada pela primeira vez em abril de 1941, a Miss Fury foi a primeira heroína concebida por uma quadrinista - infelizmente, June Mills teve de usar o pseudônimo Tarpé Mills para ocultar seu gênero.

Em outubro de 1941, foi a vez de Diana de Themyscira surgir e se tornar a mais vigorosa personagem feminina do nicho de super-heróis. Criada pelo psicólogo William Moulton Marston, a Mulher-Maravilha é uma amazona que se misturou à sociedade para defender a humanidade. Ela se tornou uma das mais relevantes personagens da DC Comics e foi fundadora da Liga da Justiça. No entanto, como citado, só ganhou seu primeiro filme próprio em 2017.

Nos anos 1960, surgiram várias heroínas relevantes, como a Mulher Invisível (do Quarteto Fantástico), Jean Grey, Tempestade, Vespa, Viúva Negra, Feiticeira Escarlate - hoje, todas com suas respectivas encarnações cinematográficas, mas nunca como protagonistas. Entre as mais interessantes personagens dos últimos tempos está Jessica Jones, criada em 2001, e que não apenas subverte convenções dos quadrinhos, como a questão dos trajes, mas discute temas como estupro, relacionamentos abusivos, depressão e assédio sexual. Ela ganhou série em coprodução da Marvel com a Netflix.

Já a Capitã Marvel, era chamada de Miss Marvel e não tinha um papel muito importante no universo da Casa das Ideias até que a roteirista Kelly Sue DeConnick recriou a personagem em 2012. Durante a saga Guerra Civil II (2016) nos quadrinhos, Carol Danvers, detentora do posto de Capitã Marvel, foi uma das protagonistas se opondo a Tony Stark, o Homem de Ferro. Quando Carol Danvers se tornou a Capitã Marvel e deixou o título de Miss Marvel vago, uma nova personagem, Kamala Khan, herdou sua alcunha. A jovem americana de origem paquistanesa apareceu pela primeira vez nas HQs da Capitã Marvel em 2013 e se tornou uma das favoritas dos leitores.

Confira o trailer:


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quinta-feira, dia 18 de abril de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895