Chanel continua em posição privilegiada mesmo sem Lagerfeld

Chanel continua em posição privilegiada mesmo sem Lagerfeld

Analistas destacam modelo de negócio da marca como fator de garantia para seu sucesso

AFP

Rosas brancas foram colocadas em frente à loja da Chanel em Paris após a morte do estilista

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Chanel, que faz parte do grupo de luxo que inclui Louis Vuitton e Gucci, o maior trio do mundo no setor, continuará a seguir seu caminho apesar da morte de seu estilista Karl Lagerfeld, estimaram analistas do setor. A morte do estilista alemão colocou um fim aos 36 anos de estreita relação com a marca da rue Cambon. Além de tornar o estilo Chanel algo reconhecível, Lagerfeld transformou a maison em uma marca altamente rentável.

Pela primeira vez, no ano passado, a marca fundada por Coco Chanel revelou seu desempenho financeiro, até agora secreto, divulgando um faturamento de aproximadamente 8,3 bilhões de euros em 2017. Esses números colocam a Chanel no pódio das maiores marcas de luxo, junto à empresa italiana Gucci, cujas vendas em 2018 alcançaram 8,2 bilhões de euros, e especialmente a Louis Vuitton, que "superou os 10 bilhões", segundo o Grupo LVMH.

Mas mesmo sem Karl Lagerfeld, que encarnava a Chanel, "a marca está em uma posição de fortaleza que não deixa dúvidas, sua aceitação continua sendo importante, não há nada para se preocupar", disse Luca Solca, analista de luxo da consultora Bernstein. Comparando a Chanel com "uma Ferrari da moda e do luxo", Solca destaca seu "modelo de negócio ideal": além da confecção e da Alta Costura, "que lhe permite ser seletiva" por seus preços altos, a marca se diversificou consideravelmente em cosméticos e perfumes "e portanto chega à classe média, que alcança a marca através de um perfume ou batom".

No futuro imediato, segundo Solca, a morte de Karl Lagerfeld "despertará um grande interesse entre os consumidores pela última coleção do estilista, com uma intenção quase de colecionador". Ele ainda acredita que "algumas ideais novas" seriam benéficas: "sentimos um grande interesse do público por encontrar novidades, como acontece com as marcas Gucci ou Balenciaga", cujas coleções pouco convencionais batem recordes de vendas. "Chanel é um mito, a marca tem uma força econômica e um poder de influência tão grande que não se pode afundar", diz Eric Briones, cofundador da escola de moda "Paris School of Luxury".

Para ele, "o que vem pela frente deveria ser fácil em termos estilísticos: o estilo de Karl Lagerfeld não era sufocante porque foi criado sobre uma base que não vinha dele mesmo", e sim de Coco Chanel. "Estilisticamente, é uma oportunidade para que a Chanel se revitalize". "Por outro lado", diz Briones, "será mais difícil em termos de imagem, marketing e comunicação". "É complicado suceder Karl Lagerfeld: foi um modelo para outros criadores fascinados por sua força de trabalho, gostava de todos e tinha tanta liberdade de expressão, não se importava com o politicamente correto", diz.

"Era de uma terrível franqueza!", diz Arnaud Cadart, gerente de investimentos da empresa Flornoy & Associés. Para ele, embora "durante mais de 35 anos tenha encarnado a criação da Chanel, outras marcas importantes conseguiram sobreviver à morte de seu estilista, como Yves Saint Laurent e Christian Dior". "A marca é mais importante que o estilista, e Virginie Viard", - braço direito de Lagerfeld, nomeada na terça-feira para substituí-lo, "esteve com ele durante 30 anos, não representou pouco no sucesso da Chanel". "Não há razão para que a marca não continue crescendo", diz Arnaud Cadart.


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