Documentário sobre moradores de rua

Documentário sobre moradores de rua

Filme 'De olhos abertos' ganha exibição em Porto Alegre

Adriana Androvandi

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Amantes de cinema, jornalistas e interessados em causas humanas e sociais devem ficar atentos para o documentário “De olhos abertos”, que será exibido a partir deste mês em Porto Alegre. É o primeiro documentário em longa-metragem da diretora francesa Charlotte (“Cha”) Dafol, radicada no Brasil. O olhar da jovem cineasta apresenta uma grande sensibilidade para acompanhar um grupo de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Pode-se dizer que é um trabalho não só documental, mas antropológico. Ela começou seu processo participando das reuniões do grupo que produz o jornal Boca de Rua. Com a orientação da jornalista Rosina Duarte, moradores de rua sugerem e escolhem as pautas, tiram fotografias e também distribuem o jornal, que se torna também uma fonte de renda para eles, pois os exemplares são vendidos por eles mesmos. O filme celebra os 18 anos de existência da publicação.

No 12º Festival Internacional de Cinema da Fronteira, realizado em Bagé em dezembro passado, o filme ganhou o Prêmio do Júri Popular, entre outros troféus já recebidos. Os depoimentos contam a rotina desses moradores. Muitos têm plena consciência do motivo pelo qual estão nas ruas, seja o alcoolismo, problemas familiares ou orfandade. Sobrevivem juntando-se em pequenos grupos para autoproteção. Uma das entrevistas mais impactantes é a de uma mulher que conta que foi estuprada enquanto estava sozinha com febre em uma noite (ela tem tuberculose). Enquanto o agressor se aproximava, ela o alertou que era HIV positiva e mesmo assim o homem não desistiu de cometer o crime. Atualmente ela não mora mais na rua, mas relata que o criminoso não era morador de rua, mas um jovem de uma “família boa” das redondezas de onde ela estava. O grupo do jornal também apoia os participantes para a busca de atendimento médico e muitos descobriram que tinham Aids com apoio dos coordenadores e buscam tratamento. Fica visível que o respeito com que são tratados frente à câmera faz os entrevistados se abrirem. Depois de assistir ao filme, passamos a olhar de forma diferente para eles. No dia 15 de janeiro, o filme terá exibição no Museu Joaquim Felizardo, 19h30min, ao ar livre. Além disso, o diretor da Casa de Cultura Mario Quintana, Diego Groisman, planeja para breve eventos que darão visibilidade ao filme e ao coletivo.


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