"Dunkirk" é uma experiência sensorial de sobrevivência
Novo filme do diretor Christopher Nolan estreia nesta quinta-feira em Porto Alegre <br />
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Christopher Nolan já pode ser considerado um grande mestre do cinema por entregar um filme, que pode ser considerado, no mínimo, perfeito. A execução do longa surpreende desde dos primeiros minutos com impactantes embates que não se cansam de se repetir durante a projeção. Com isso, a experiência de conferir Dunkirk nos cinemas é única e incrível devido à capacidade de transmitir cada sentido que transcorre na tela. Se alguém que não possui conhecimentos em edição e mixagem de som, poderá sentir todo o trabalho feito pela grande equipe sonora do longa que provoca toda a tensão e nervosismo do filme. Claro, tudo isso com um adicional da trilha sonora assinada por Hans Zimmer, provando ser um verdadeiro maestro na categoria. A direção de fotografia de Hoyte Van Hoytema é de uma extrema competência que nos permite viajar, lutar e salvar os soldados britânicos. Digo isso pois cada enquadramento é uma viagem aos nossos olhos e sem precisar de qualquer óculos 3D, a miragem de cada lugar que Nolan direciona a história é tão fascinante que nos coloca sob mesmo ângulo que os personagem e torna realística cada cena.
Sem serem devidamente apresentados, o elenco que não chega a ser tão surpreendente quanto o resto do filme. Mas claro, nada que seja decepcionante. Começando por Tommy (Fionn Whitehead), que é quem conduz inicialmente a história, mostra toda frieza traumática que a guerra pode deixar em um jovem. Seu rosto triste e desolador, faz com que conquiste rapidamente nossa torcida, que claro, aumenta quando se junta a Gibson (Aneurin Barnard), e ao Alex, interpretado por Harry Styles. O cantor que estreia em uma ficção nos cinemas não decepciona na sua atuação discreta, mas que também não passa despercebido. Quem também chama atenção é o ganhador do Oscar de ator coadjuvante em 2015 por "Ponte dos Espiões", Mark Rylance, que integra uma das histórias paralelas ao ser o civil que não quer ficar de braços cruzados esperando a guerra chegar na sua cidade. Ao contrário da aflição que se encontra nos outros núcleos, o seu personagem é o equilíbrio necessário para os sem esperanças. Tanto que magistralmente é a firmeza necessária naquela maré. Repetindo a parceria, Nolan trouxe Tom Hardy, com quem trabalhou em "O Cavaleiro das Trevas Ressurge" (2012), e Cillian Murphy, que foi o Espantalho em "Batman Begins" (2005), para completar o elenco.
Dunkirk é tão sensacional que é capaz de instigar nossa mente com a forma que o roteiro funciona com as três versões não-lineares do mesmo fato. Mas claro, para complicar mais um pouquinho, a tragédia na cidade varia entre uma semana, um dia e uma hora no longa, e também é narrada por vias diferentes como na praia, no mar e no céu. Em cada parte, a sobrevivência é o maior objetivo dos envolvidos e olha, não foi nada fácil. Com Nolan, nada é tão simples assim, não é mesmo? Então para não apenas mexer com nossas sensações, o diretor nos prende com este roteiro não tão simples assim, para não ser apenas uma história com início, começo e fim, mas para que fosse muito mais atraente do que isto. Nolan transformou, por completo, uma página com aparência de derrota em uma verdadeira obra de sobrevivência.
Veja o trailer: