Em busca da imortalidade literária

Em busca da imortalidade literária

Luiz Coronel é postulante à cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras, cuja eleição se dará na próxima sexta-feira, dia 26

Luiz Coronel e a sua vasta obra literária com 79 volumes

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O poeta, publicitário, cronista, enfim, escritor gaúcho de Bagé, Luiz Coronel, de 83 anos, é candidato a uma das cadeiras em vacância na Academia Brasileira de Letras, especificamente a de número 39, que teve como último ocupante Marco Maciel, falecido em junho deste ano. Com vasta obra contabilizando 79 publicações, o também compositor e advogado tem recebido amplo apoio de lideranças políticas, instituições, jornalistas e artistas. Entre alguns destes nomes estão Pedro Simon, Sergius Gonzaga, José Fogaça, Olívio Dutra, Jaime Vaz Brasil, Renato Borghetti, Germano Rigotto, Miguel Rossetto, Grupo Zaffari, Opus Entretenimento, e a cantora Fafá de Belém. Também destaque-se a moção de apoio expressa pela bancada gaúcha no Congresso Nacional.

Para a candidatura, Coronel, que é natural de Bagé (RS), enviou à ABL uma carta expressando seu desejo de concorrer à cadeira juntamente com exemplares de sua obra e narração de sua extensa biografia. A intenção é ser mais um representante do Rio Grande do Sul entre os imortais com acesso à casa de Machado de Assis. Até a data das eleições para a escolha, que acontece no dia 26 de novembro, Coronel busca apoio de mais instituições enquanto os demais concorrentes fazem campanha. Os outros três concorrentes são os José Paulo Cavalcanti, Godofredo de Oliveira Neto e Raquel Navarro.  “Concorrer à Academia é uma honra que imprime um agradecimento aos integrantes da Casa de Machado de Assis, e, ao mesmo tempo, às majestosas manifestações de apoio recebidas. Acho que esta cadeira vai voltar a eleger alguém que tenha compromisso com a literatura, pois tivemos as eleições de alguns notáveis, que possuem pouca obra literária”, expressa o seu ponto de vista, Coronel.

PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES
Além de reconhecido letrista do regionalismo gaúcho, Coronel escreveu crônicas e livros de prosa. Entre suas principais publicações estão “Os cavalos do tempo”, “Concertos de cordas”, “Baile de máscaras”, “Pirâmide noturna”, “Mundaréu” (esta a sua primeira obra publicada em 1973) e “Retirantes do Sul”. Inspirado no modelo francês, editou nove livros-carta com os títulos “Poemas de Natal”, “Pandemias”, “A Revolução Farroupilha”, “O Mar”, “Coração Farroupilha”, “Poesia Amorosa”, “Poesia Social”, “Viva Porto Alegre”, “Sua Majestade, o Livro”. O incansável Coronel também se dedica ao projeto Coleção Dicionários, um dos mais consistentes projetos editoriais do Rio Grande do Sul, hoje em sua 17ª edição, que reverencia em verbetes grandes autores da literatura mundial – com 59 mil exemplares distribuídos para instituições culturais. A próxima edição, a 17ª, será dedicada à Pablo Neruda, devendo ser publicada em dezembro. Ele também adianta que a 18<SC120,170> edição dos Dicionários, que já contabilizam mais de 60 mil exemplares no RS e no país inteiro, será com os grandes João Simões Lopes Neto e Jayme Caetano Braum. “Estou sempre escrevendo, minha obra literária é palpável, consistente, não chego à Academia Brasileira de Letras de mãos vazias. Procuro todos os dias dar forma às minhas reflexões sobre o mundo”, avaliza sua obra, o escritor. 

Coronel está em processo de impressão de “O dia que o Major Alarico virou estátua”, quinto volume da Comédia Gaúcha. Também realiza a exposição “Pandemias”, junto com o fotógrafo Eurico Salis, em várias cidades do Rio Grande do Sul, retratando as etnias gaúchas (com máscaras) e 12 poemas sobre o ciclo pandêmico. E está em proposição a exposição de “A Menina do Afeganistão”, poemas sobre pinturas da contundente obra de Shamsia Hassani, artista e professora na Universidade de Cabul.

'HOMO ZAPIENS'

Outra obra que Luiz Coronel vem trabalhando é “Homo Zapiens”, uma série de reflexões rápidas sobre a condição humana neste mundo de velocidade e virtualidade. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais e Filosofia pela Ufrgs, Coronel carrega o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre e da cidade de Piratini. É Membro da Academia Rio-grandense de Letras desde 1999. Recebeu a Medalha Mérito Farroupilha (2009) e a Medalha Cidade de Porto Alegre (2010), contando também com o título de Patrono da 58ª Feira do Livro de Porto Alegre, em 2012.

O escritor já foi homenageado pela escola de samba União da Vila do IAPI com o samba-enredo “A Poesia Vem do Céu, Luiz Coronel, poeta da cidade” no carnaval de Porto Alegre, em 2004. Também participou da elaboração do desfile da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis com o samba-enredo “O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amor”, no carnaval do Rio de Janeiro, em 2005.
Coronel também coleciona prêmios como: Prêmio Nacional de Poesia (Ministério da Cultura) pelo livro Mundaréu, em 1973; Calhandra de Ouro (Califórnia da Canção Nativa) pela canção Canto de Morte de Gaudêncio Sete Luas, em 1973; Prêmio AGES (Associação Gaúcha de Escritores) pelo livro O Gato Escarlate, em 2006; Prêmio Revista Plural (México) pelo livro Ave-Fauna, em 2009 e Prêmio Açorianos de Literatura (Secretaria de Cultura de Porto Alegre) pelo livro Venturinha, o amigo do vento, em 2017.

No Correio do Povo, Luiz Coronel carrega o legado da publicação de poesia semanal nos cadernos de cultura há mais de 22 anos. “Sucedo ao poeta e amigo Mario Quintana na missão de levar a poesia aos leitores do Correio do Povo, hoje no Caderno de Sábado”, não esconde o seu orgulho, Coronel, desta relação afável e estrita com o Correio do Povo e seus leitores. O escritor bageense se orgulha da sua construção regionalista ficcional. “Ainda sou o Luizinho da dona Amelinha do Posto, em Piratini ou o guri do Doutor Djalma, em Bagé. Na minha construção regional, o Gaudêncio Sete Luas representa o homem e a Leontina das Dores é a personificação da mulher”, esclarece Coronel. Para encerrar esta entrevista e texto, uma das maiores preocupações de Coronel é o exercício intelectual. “O escritor não pode se descuidar nunca da sua disciplina intelectual, das diversas leituras, da escrita regular, das trocas de ideias entre os pares. O mundo como está aí hoje é um convite à alienação, ao empobrecimento cultural, aos dispositivos eletrônicos mal utilizados como TV e Internet. Precisamos ser firmes”, finaliza Coronel à espera da escolha da ABL, na próxima sexta. 


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