MV Bill em papo sobre literatura, vida e realidade na Feira do Livro

O ativista social e um dos fundadores da ONG Central Única das Favelas (Cufa), que desenvolve diversos projetos culturais nas comunidades carentes por meio do hip hop, MV Bill foi a grande atração desta terça-feira na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre. No Teatro Carlos Urbim, o rapper, ao lado do comunicador e músico Domício Grillo, realizaram um bate-papo sobre literatura, vida e realidade. O painel teve como ponto de partida o livro A Vida me Ensinou a Caminhar, lançado em abril, o qual MV Bill resgata, em primeira pessoa, a sua jornada, que se mistura com o cotidiano do país. Em 27 capítulos, o autor passa pelas oscilações de sua vida e traz relatos de sua ascensão.

No bate-papo, o mediador Domício Grillo instigou o rapper a contar detalhes da obra. "Você traz coisas da favela, da vida real. E é impressionante como você traz isso nos textos, seja no livro, seja nas músicas", disse Grillo. MV Bill disse que para além de trazer entretenimento ao seu público a lançar seu livro, também traz a oportunidade de estimulá-los a ler. "E conto histórias, não só as boas, mas as que me fizeram aprender", disse o rapper. 

MV Bill comentou que escrever sempre foi uma válvula de escape para não ir para o caminho errado. "No meu primeiro disco trago uma mensagem em uma das músicas de uma história que poderia ser minha se eu ficasse mais revoltado do que já estava e foi escrevendo a melodia que consegui colocar esse sentimento para fora”, revelou. Após o painel, o rapper e escritor recebeu o carinho de centenas de fãs na Praça de Autógrafos Gerdau.

Ainda nesta terça, no Auditório Barbosa Lessa, no Espaço Força e Luz, a Feira proporcionou um ensaio com os autores Juremir Machado da Silva, Luís Augusto Fischer e João Carlos Brum Torres, sobre a obra Brasil, o país do futuro e seu destino, fundamentada no bicentenário do Brasil. Brum afirmou que a celebração dos 200 anos de independência foi quase nula quando comparada a do centenário. A coletânea de ensaios sobre a independência foi lançada em outubro, e tem como objetivo fazer uma crítica às mudanças do país desde então. "Um livro diverso e plural", revelou Brum sobre a obra repleta de ensaios que abordam questões como agricultura, sociologia, política e economia. O autor Juremir Machado da Silva, por sua vez, finalizou a conversa instigando os leitores e o público a refletir: "talvez a gente esteja no passado, porque no Brasil, as coisas tendem a se repetir". Ao final do ensaio, foi aberto ao público um espaço para questionamentos e debate.

Atrações da Feira no feriado
 
Realizada pela Câmara Rio-Grandense do Livro, a feira terá painel sobre o bicentenário da independência brasileira e oficina sobre como fugir de clichês literários. Confira abaixo alguns destaques da programação de amanhã: 

15h, na Sala O Retrato, no Espaço Força e Luz: Oficina: Tudo contra os clichês! (1/2), com Cíntia Moscovich. 

16h, no Auditório Barbosa Lessa, no Espaço Força e Luz: Porto Alegre 250 anos: de uma vila escravista a uma cidade de imigrantes (séculos XVIII e XIX), com Ana Sílvia Volpi Scott e Fábio Kühn. 

16h30min, na Sala O Retrato, no Espaço Força e Luz: Cena de crime na literatura, com Anderson Morales. 

17h30min, no Auditório Barbosa Lessa, no Espaço Força e Luz: ​​Independência do Brasil - 200 anos!, com Eduardo Bueno (Peninha), Paulo Rezzutti, Rodrigo Trespach e Rafael Bassi.

18h, no Teatro Carlos Urbim, na Praça da Alfândega: Pensando o Brasil no passado, presente e futuro, com Daniel Galera, Samir Machado de Machado, Tobias Carvalho e Nanni Rios.