Filme "A Cidade dos Piratas" é tão maluco quanto o próprio Otto Guerra
Longa fechou a Mostra Competitiva do 46º Festival de Cinema de Gramado <br />
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Inicialmente, o longa foi baseado nas tirinhas "Piratas do Tietê", da caturnista Laerte Coutinho, criado em 1983. Quando Otto já estava com a produção quase pronta, Laerte recua e avisa ao diretor que não quer mais participar do projeto por considerar o seu antigo trabalho machista. Com isso, Otto entra em crise criativa e na tentativa de salvar o seu trabalho, resolve colocar-se em cena e descrever todo este drama criando diversas costuras entre a vida real e a liberdade da ficção. Até mesmo a transexualidade de Laerte é debatida no filme. Ele também contou sobre o momento em que foi diagnosticado com câncer de colon em 2013 e sobre as demissões de funcionários da equipe que desistiram do projeto ao longo da produção que durou quase 20 anos.
"A Cidade dos Piratas" pode ser considerado o filme mais pessoal de Otto Guerra, não só pela sua participação, mas pelo desabafo do autor dentro do seu ofício e, com isso, o público pode aproximar-se da mente maluca de Otto. O que deve ser muito interessante de acompanhar na prática por causa do alto nível da sua imaginação, criatividade e falta de filtro. O ritmo frenético da história mostra que as suas viagens podem parecer loucas, mas fazem muito sentido. O uso inicial dos cartuns são perfeitos para cutucar os problemas sociais do Brasil e por fazer piadas com a história da formação da nação.
A homenagem do Festival de Cinema de Gramado ao animador, em 2017, quando recebeu o troféu Eduardo Abelin pela sua carreira, não foi à toa. "A Cidade dos Piratas" é mais um fruto da sinceridade e talento irrefreável de Otto Guerra. O longa ainda não tem data de lançamento nos cinemas brasileiros.