Filmes de temática amazônica vencem a 52ª edição do Festival de Brasília

Filmes de temática amazônica vencem a 52ª edição do Festival de Brasília

Cerimônia ocorreu na noite desse sábado

Adriana Androvandi

Leonardo Macchi, produtor de "A Febre", ganhador do prêmio de Melhor Filme do Festival de Brasília

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A cerimônia de premiação da 52ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ocorreu neste sábado à noite no Cine Brasília. Depois de sete dias de exibições de curtas e longas-metragens, filmes com temática indígena e amazônica venceram a competição.

O grande vencedor foi "A Febre", de Maya Da-Rin, com uma história que se passa em Manaus. O protagonista é Justino, um indígena de 45 anos do povo Desana que trabalha como vigilante do porto de cargas da cidade. Regis Myrupu, que vive o papel principal, levou o prêmio de Melhor Ator. Na trama, enquanto sua filha se prepara para estudar Medicina, ele é acometido de uma febre misteriosa. O longa levou ainda os troféus Candango de Melhor Filme, Direção e Fotografia. 

O documentário "O Tempo que resta", primeiro longa-metragem da cineasta brasiliense Thaís Borges, foi rodado na Amazônia e acompanha duas mulheres marcadas para morrer, por lutar pela causa de pequenos agricultores e ribeirinhos frente a grupos de mineradoras e madeireiros ilegais que derrubam partes da floresta, desalojando nativos. As duas mulheres ameaçadas estiveram no festival e se mostraram ainda mais preocupadas, pois a proteção policial a que tinham direito anteriormente está sendo retirada. O documentário levou o troféu de Melhor Roteiro pelo Júri Oficial, além do Melhor Filme Pelo Júri Popular e pelo Júri da Crítica (este organizado pela Abraccine).

Outro marco foi a premiação da atriz trans Anne Celestino pelo seu papel em "Alice Júnior", de Gil Baroni. Este filme acompanha uma adolescente trans que muda cidade e precisa se adaptar à nova escola.

O diretor Claudio Assis trouxe um filme sobre afetos em uma família, enquanto abordou, no contexto, a problemática ambiental em praias do Recife devido à construção de um porto em uma área que interferiu no habitat de tubarões, o que levou os animais a atacarem praias turísticas. Cauã Reymond, que trabalha neste filme como dono de um cinema pornô, levou o troféu de Melhor Ator Coadjuvante.

Praticamente todos os cineastas que subiram ao palco manifestaram sua preocupação com a sobrevivência do setor audiovisual, especialmete pelo fato de que muitos projetos estão estagnados pela falta de liberação de verbas já aprovadas e pela diminuição de aportes para o setor cultural.

Manifestação

 A cerimônia de premiação teve início por volta das 20h. Enquanto os convidados esperam no saguão para a abertura do evento, um grupo de mulheres do audiovisual e artistas brasilienses fizeram uma performance  vendadas pedindo um festival democrático.

Durante a cerimônia, após a subida de cineasta Sabrina Fidalgo ao palco para receber o troféu de Melhor Trilha pelo curta "Alfazema", ela chamou outras representantes do audiovisual para afirmar a presença das mulheres no cinema brasileiro e pedir respeito pela representação do corpo feminino.

Confira a lista dos premiados: 

Mostra Competitiva de Longas 

Melhor Longa-Metragem: "A Febre", de Maya Da-Rin
Melhor Direção: "A Febre", de Maya Da-Rin - Direção: Maya Da-Rin
Melhor Ator: "A Febre", de Maya Da-Rin - Melhor ator: Regis Myrupu
Melhor Atriz: "Alice Júnior", de Gil Baroni - Melhor Atriz: Anne Celestino
Júri Popular: "O Tempo que Resta", de Thaís Borges
Prêmio especial do Júri: Claudio Assis pelo filme "Piedade"
Melhor Som: "A Febre", de Maya Da-Rin - Equipe de Som: Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel Croset
Melhor Trilha Sonora: "Alice Júnior", de Gil Baroni - Trilha Sonora: Vinícius Nisi
Melhor Direção de Arte: "Piedade", de Claudio Assis - Direção de Arte: Carla Sarmento
Melhor Montagem: "Alice Júnior", de Gil Baroni - Montagem: Pedro Giongo
Melhor Fotografia: "A Febre", de Maya Da-Rin - Direção de Fotografia: Bárbara Alvarez
Melhor Roteiro: "O Tempo Que Resta", de Thaís Borges - Roteiro: Thaís Borges
Melhor Ator Coadjuvante: "Piedade", de Claudio Assis - Ator coadjuvante: Cauã Reymond
Melhor Atriz Coadjuvante: "Alice Júnior", de Gil Baroni - Atriz coadjuvante: Thaís Schier

Mostra Competitiva de Cutas 

Melhor Curta-Metragem: "Rã", de Júlia Zakia e Ana Flavia Cavalcanti
Melhor Direção: "Alfazema", de Sabrina Fidalgo - Direção: Sabrina Fidalgo
Melhor Ator: "A nave de mané socó", de Severino Dadá - Melhor ator: Severino Dadá
Melhor Atriz: "Angela", de Marília Nogueira - Melhor atriz: Teuda Bara
Júri Popular: "Carne", de Camila Kater
Melhor Som: "A Nave de Mané Socó", de Severino Dadá - Som: Guma Farias e Bernardo Gebara
Melhor Trilha Sonora: "Alfazema", de Sabrina Fidalgo - Trilha Sonora: Vivian Caccuri
Melhor Direção de Arte: "Parabéns a Você", de Andréia Kaláboa - Direção de arte: Isabelle Bittencourt
Melhor Montagem: "A Nave de Mané Socó", de Severino Dadá - Montagem: André Sampaio
Melhor Fotografia: "Parabéns a você", de Andréia Kaláboa - Direção de Fotografia: João Castelo Branco
Melhor Roteiro: "Carne", de Camila Kater - Roteiro: Camila Kater e Ana Julia Carvalheiro
Melhor Ator: "A nave de mané socó", de Severino Dadá - Melhor ator: Severino Dadá
Melhor Atriz: "Angela", de Marília Nogueira - Melhor atriz: Teuda Bara
Júri Popular: "Carne", de Camila Kater


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