Gina Rodríguez estrela remake de "Miss Bala" com equipe 95% latina

Gina Rodríguez estrela remake de "Miss Bala" com equipe 95% latina

Atriz luta pela "mudança real" para latinos em Hollywood

AFP

Filme estreia nesta sexta-feira nos Estados Unidos

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Gina Rodríguez não conseguiu conter as lágrimas quando Yalitza Aparicio foi indicada ao Oscar por "Roma": se sentiu contemplada junto com muitos latinos que batalham duro para abrir espaços em Hollywood. "Estou muito orgulhosa!", disse, emocionada. "Ver Yalitza ser indicada me fez chorar, finalmente me vi contemplada com uma latina ali. Meu coração explodiu". Se levar a estatueta em 24 de fevereiro, Aparicio, uma jovem professora de origem indígena, que estreou no aclamado filme de Alfonso Cuarón, seria a primeira hispânica a vencer o Oscar de melhor atriz.

E seria parte da "mudança real" pela qual lutam Rodríguez e muitos outros em Hollywood. Esta atriz de 34 anos estreia na sexta-feira, nos cinemas dos Estados Unidos, em "Miss Bala", um remake da produção mexicana de 2011, adaptada para ser "um filme de ação para uma audiência global". E tem um detalhe importante, pouco comum nos Estados Unidos: é protagonizado por uma mulher latina. "Precisávamos contextualizá-lo para a realidade de hoje, nos assegurarmos que fosse um reflexo de uma mulher independente, forte", afirmou a vencedora do Globo de Ouro pela série de comédia "Jane the Virgin".

"Miss Bala" acompanha a história de uma jovem latina de Los Angeles que viaja para Tijuana para ajudar uma amiga em um concurso de beleza, mas que acaba envolvida no obscuro mundo do contrabando e narcotráfico na fronteira entre Estados Unidos e México. Em meio a muitas balas, explosões e uma boa dose de exagero, Gloria, personagem de Rodríguez, descobre uma mulher capaz de fazer coisas que nunca imaginou, como atirar com um fuzil.

A produção, que estreará em 1º de fevereiro nos Estados Unidos, teve um elenco e uma equipe de produção 95% latino. "Se latinos e latinas se unirem para apoiar 'Miss Bala' veremos uma mudança real. Não teremos só um filme, e sim muitos", considerou a atriz. "E acho que os estúdios começarão a colocar dinheiro em produções com latinos tanto à frente como por trás das câmeras".

"Gringo" demais para o México

"Miss Bala" foi dirigido por Catherine Hardwicke - do primeiro filme da saga "Crepúsculo" e "Aos treze" - que, embora não seja latina, cresceu na cidade fronteiriça de McAllen, no Texas, com "a riqueza de ambas as culturas". "Não sou mexicana, mas tampouco sou completamente americana", declarou Hardwicke, que colocou muito desse "tema de identidade" própria no filme.

É possível ver Gloria, uma "gringa" que fala pouco espanhol, e o vilão Lino (Ismael Cruz) dizendo em certo momento do filme que ser criado dos dois lados da fronteira é como se sentir mexicano demais para os Estados Unidos e "gringo" demais para o México. E é assim que Rodríguez se sente, pois nasceu em Chicago e é filha de pais porto-riquenhos.

Apesar de aparecer em filmes como "Aniquilação" e "Horizonte profundo", assegura que o caminho não foi fácil. "Tinha 32 anos quando consegui o papel para 'Miss Bala'. Até então não havia tido uma oportunidade como essa e, desde então, não tive outra oportunidade similar. São muito poucas", continuou a atriz, que agradece a ídolos como Rita Moreno e Lupe Ontiveros porque "tornaram esse caminho menos difícil". E ela espera continuar abrindo caminhos.

"Existem muitos de nós usando a nossa plataforma para abrir espaço para que outros fiquem de frente para as câmeras e aumentem a nossa comunidade", indicou Rodríguez, que tem a produtora "I Can And I Will", focada em desenvolver este conceito. "A única forma de gerar a mudança é fazê-la você mesmo", disse, antes de explicar que uma das séries que desenvolve com a Disney se chama "Diário de uma presidente", que acompanha a adolescência de uma latina que eventualmente será presidente dos Estados Unidos.

E isto em um momento em que o presidente Donald Trump impulsiona políticas anti-imigrantes, que afetam principalmente os hispânicos. "Espero que o lamentável 'bullying' desta Casa Branca nos lembre o quão forte somos juntos", disse. "Que saiamos mais companheiros, mais unidos e com mais vontade de proteger a nossa comunidade".

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