Guerra na Ucrânia paira sobre o Festival de Cannes

Guerra na Ucrânia paira sobre o Festival de Cannes

Dois cineastas ucranianos de gerações diferentes, dispostos a narrar o passado e o presente difícil do seu pais, participam do festival

AFP

A 75º Festival de Cannes, e as suas secções paralelas, que vão realizar-se de 17 a 28 de maio

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A Ucrânia estará presente na 75ª edição do Festival de Cinema de Cannes, com dois cineastas de gerações diferentes, dispostos a narrar o passado e o presente difícil daquele país.

"Os filmes continuam a ser feitos em todo o mundo, mesmo em países como a Ucrânia", embora "o cinema não seja a principal preocupação naquele momento", explicou Thierry Frenburgx, delegado-geral do evento, em entrevista coletiva na quinta-feira (14).

"É claro que a questão da guerra na Ucrânia estará presente em todos os corações e também, espero, nos corações dos participantes", disse.

Os dois diretores ucranianos são Sergey Loznitsa e Maksym Nakonechnyi.

O primeiro, veterano do cinema desta ex-república soviética, apresenta "The Natural History of Destruction", baseado em um texto do ensaísta alemão W.G. Sebald (1944-2001), descrevendo a destruição maciça de cidades alemãs durante os ataques aéreos aliados na Segunda Guerra Mundial.

Loznitsa, de 57 anos, tem sido regularmente convidado a Cannes com filmes como "A Praça", sobre a revolução de 2014, ou "Donbass". No ano passado, ele apresentou "Babi Yar. Context", sobre o massacre de mais de 300.000 judeus em 1941, a oeste de Kiev.

Quando eclodiu a invasão da Ucrânia, o cineasta comparou a Rússia de hoje à União Soviética.

"Você poderia dizer que [a Rússia] aplica exatamente os mesmos métodos com as repúblicas em seu entorno", afirmou à AFP.

Por sua vez, o jovem diretor Maksym Nakonechnyi apresenta na seção "A Certain Regard", o filme "Bachennya Metelyka", ambientado na guerra de Donbass, de 2014 nos territórios pró-russos do leste da Ucrânia, que é considerada o prelúdio da atual invasão.

Segundo Frambux, o filme narra a vida de um jovem professor "que participou da guerra e foi sequestrado" e que "retorna ao país graças a uma troca de prisioneiros"

Russos opositores ao conflito são bem-vindos 

O Festival de Cinema de Cannes havia anunciado no início de março que não receberia delegações russas ou "a menor presença relacionada ao governo" daquele país durante a invasão da Ucrânia.

Uma medida que não se aplica aos artistas que se opõem ao regime.

É o caso do diretor russo Kirill Serebrennikov, 52, conhecido por suas posições a favor da comunidade LGBT+, que já havia participado duas vezes do circuito de competições em Cannes.

Desta vez, ele concorre com "Tchaikovsky's Wife", sobre a vida do compositor russo Pyotr Tchaikovsky e sua esposa.

Serebrennikov nunca conseguiu ir a Cannes, nem para "Verão" (2018) nem para "Petrovy v grippe" (2021), pois não pode deixar a Rússia devido a uma condenação por desvio de verba.

Artista multifacetado, Serebrennikov confirmou à AFP em 1º de abril que conseguiu sair legalmente da Rússia e estava em Berlim, depois de ter sua pena reduzida.

Atualmente, ele trabalha na Ópera de Amsterdã com a peça "Der Freischütz" ("O Atirador") do compositor Carl Maria von Weber.


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