Lázaro Ramos e Taís Araújo emocionam público em bate-papo em Porto Alegre

Lázaro Ramos e Taís Araújo emocionam público em bate-papo em Porto Alegre

Casal de atores está em cartaz com a peça "O Topo da Montanha" neste final de semana 

Lou Cardoso

Taís Araújo e Lázaro Ramos conversaram com público nessa quinta-feira

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Casados há 14 anos, Lázaro Ramos e Taís Araújo realizaram, pela primeira vez juntos, um encontro informal com os fãs para falar sobre a vida. Especialmente a deles. Como se estivessem na sala de casa com os amigos, o casal de atores conversou sem rodeios sobre a vida pessoal, acadêmica, desafios da carreira, o papel do negro na sociedade, até momentos hilários com os seus filhos.

Com o Centro de Eventos da PUCRS lotado, Lázaro e Taís emocionaram a todos com as suas palavras na noite dessa quinta-feira. "Eu tenho muito o desejo de ouvir as pessoas, mais do que falar. A gente tem que ter este contato. É bem o momento que estamos hoje. Temos que ouvir e nos unir", disse a atriz. 

Em seguida, o ator reafirmou que encontrou na arte o estímulo para se comunicar com os outros. "É onde eu estou depositando a minha salvação. Por isso que a gente é tão feliz fazendo 'O Topo da Montanha'. É uma peça que atinge o emocional e o racional. Ela tem alcançado o coração das pessoas e este é o meu objetivo", contou. 

"O Topo da Montanha" entrou em nova temporada neste final de semana em Porto Alegre. A dupla encena a peça há quatro anos e segundo Lázaro, a produção só tem melhorado com o passar dos tempos: "Ela nos provoca e nos faz pensar em estratégias".

Taís revelou que espera trabalhar na montagem por muitos anos ainda: "Esta peça não cansa de alimentar a gente, nós descobrimos coisas e ela vai se ressignificando. A mensagem vai se fortalecendo. É uma peça que reforça as nossas escolhas como cidadão e artista".

Ativismo e humanidade

Sendo atores negros que mais se destacam no cenário brasileiro, eles falaram da importância da representatividade racial nos espaços. Primeiramente no audiovisual. Taís comentou que não tem nada de errado uma mulher negra interpretar uma empregada na novela. Desde que ela seja humanizada.

"A gente não pode ficar limitado artisticamente. A nossa carreira é feita de escolhas. Temos escolhas políticas, escolhas com a representatividade e escolhas livres. Aquela personagem que você não sabe fazer, ela vai te levar para algum lugar. Temos que entender o que é bom e o que não é", afirmou. 

Lázaro enxerga que cada pessoa pode contribuir com o ativismo negro no Brasil. "Não existe um formato para contribuir. Não existe um formato para exercer os seus desejos de transformação. A peça me ensinou isso. É um movimento grande, cheio de conflitos, lutando pela sua individualidade. Tem gente que não é tão conhecido assim e está fazendo diferença", disse. 

Falando a um auditório lotado, Lázaro ficou orgulhoso da grande presença de negros na plateia. Aproveitando o momento para debater a vida acadêmica, o casal diz apoiar o sistema de cotas para negros nas universidades, mas que é preciso investir e muito no ensino público para que não seja mais necessário o uso da medida.

"Basta ver o resultado que as cotas provocaram nas universidades. Eu estimulo as pessoas se informarem. Falar de cotas impede de continuar achando que não precise ser temporário. A educação pública é que precisa melhorar", disse Lázaro. 

Taís relembrou da sua experiência enquanto cursava jornalismo no Rio de Janeiro. Segundo ela, a passagem pela universidade foi solitária, devido a sua indisponibilidade de poder se reunir com os colegas, já que, além de trabalhar, ainda estudava teatro – curso o qual lamenta não ter concluído a graduação. Já com o jornalismo, ela deu "graças a Deus" quando se formou.

Liberdade para os filhos

Sobre os filhos, era inevitável que Lázaro e Taís não se emocionassem ou rissem das brincadeiras dos pequenos. Mas, como pais, eles se preocupam como os estão criando para o mundo. Especialmente quando se trata de racismo e desigualdades. "A gente não tira a infância deles. Eu não posso jogar para eles que o País é assim e tirar a ingenuidade deles. Mas, ao mesmo tempo, eu não posso fingir que nada acontece", contou Taís. 

Já Lázaro tenta encontrar formas de fortalecer os filhos do que assustá-los com o futuro. "O racismo é um acidente. É muito cruel ensinar isso para eles. Eu ensino sobre os direitos deles, que eles são livres para serem do jeito que são. A rua oferece qualquer problema, mas se a gente amar e dar esta segurança, que é dentro de casa, é um pouco do caminho que estamos ensinando", concluiu. 


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