Música eterna e temas atuais em ‘Coisa Mais Linda’

Música eterna e temas atuais em ‘Coisa Mais Linda’

A partir desta sexta-feira, dia 19, chega às telas a segunda temporada da série mais bossa nova dos últimos anos

Marcos Santuario

Pathy Dejesus, Maria Casadevall, Mel Lisboa e Larissa Nunes na segunda temporada de ‘Coisa Mais Linda’.

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Não espere um clima rock and roll na série “Coisa Mais Linda”, que estreia sua segunda temporada na Netflix, na próxima sexta-feira. O contexto, como não poderia deixar de ser, é mais para um banquinho e um violão do que para corpos saltitantes. Mas, é claro que, o drama e o romance, os sonhos e as decepções ganham a trilha sonora que inclui também jazz e uma suavidade de melodias que pontuam a trama. “Coisa Mais Linda” é uma série de televisão brasileira exibida pela plataforma de streaming, com sua primeira temporada lançada em 22 de março de 2019. Foi criada por Giuliano Cedroni e Heather Roth, com colaboração de texto de Léo Moreira, Luna Grimberg e Patricia Corso, sob a produção de Beto Gauss e Francesco Civita. A direção é de Caíto Ortiz, Hugo Prata e Julia Rezende.

Muita gente talentosa junta para produzir esta que é a quarta série produzida no Brasil, depois de “3%”, “O Mecanismo” e “Samantha!”. Todas conquistando parte de um público ávido por conhecer algo mais do universo audiovisual brasileiro contemporâneo. “Coisa Mais Linda” aborda a ascensão da bossa nova e o empoderamento feminino em 1959. O título poético é inspirado em verso da universal “Garota de Ipanema”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. No elenco principal, estão Maria Casadevall, Mel Lisboa, Ícaro Silva, Gustavo Machado, Pathy Dejesus, Larissa Nunes e Val Perré. Nesta segunda temporada, Malu é novamente vivida por Maria, que continua sendo a mulher determinada, mãe dedicada e amiga leal que vimos na temporada anterior. No entanto, agora mais visceral, estimulada por um trauma, se torna mais forte, vigorosa e decidida. 

O sonho de vencer no universo carioca com seu clube de música a aproxima de outros personagens e serve como fio de condutor de muitas ações que permeiam a trama. Já a jornalista Thereza (Mel Lisboa) opta por dedicar-se à casa e à família, mas não demora muito para sentir falta de outra realização. Aí é onde encontra o prazer de viver uma mídia em expansão, o rádio. Outra das mulheres fortes do enredo, Adélia, protagonizada por Pathy Dejesus, antes de seu casamento, pensa muito em sua infância e em seu pai, Duque (Val Perré). Ela quer começar do zero com Capitão, personagem de Ícaro Silva, e seguir em frente para sempre. Enquanto isso, sua irmã, a personagem Ivone, que enche de orgulho a atriz Larissa Nunes que lhe dá vida, em seu primeiro papel de destaque, passa de adolescente típica a talentosa aspirante à artista, que terá a chance de provar sua capacidade para uma indústria ainda dominada por homens. 
TALENTOS — Em conversa com Maria, Larissa, Ícaro e Gustavo deixa transparecer o prazer de protagonizar uma série com temática tão intensa e ao mesmo tempo com a leveza da música que transborda em cada episódio. Ícaro já foi Jair Rodrigues, na trama de “Elis”, de Hugo Prata, filme que também teve Gustavo Machado vivendo Ronaldo Bôscoli. “Sem dúvida o papel também me serviu para viver o empresário musical que interpreto hoje na série”, comenta. Ele também pode ser visto em filmes desde “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky, até “Olho de Boi”, do premiado Hermano Pena. Por sua atuação, neste último, levou prêmio de Melhor Ator no Festival de Cinema de Gramado de 2007. 
As temáticas atuais podem envolver tanto o público, como envolveram o elenco. A autonomia que personagens como Adélia e Ivone começam a ter na segunda temporada, mostrando uma ampliação importante do núcleo de personagens negros da série, flerta com temáticas muito atuais. Segundo Maria, existe uma linha de no mínimo 500 anos de opressão e violência. “O que se vê na série é uma espécie de levante de quem foi oprimido, mostrando certa analogia entre os tempos”, reflete e festeja. No centro de “Coisa Mais Linda” há quatro mulheres protagonistas em uma plataforma com o alcance mundial que é a Netflix. “Isso é um salto grande para colocar na tela as temáticas que estão na série”, pontua. 
A música segue sendo o elo que mantém próxima a trajetória das personagens. Em algumas delas mais intensas, como a das que tentam viver suas vidas através da música. Isso supera histórias pessoais e classes sociais. Aprofunda o debate de como perseguir um sonho, neste universo. Larissa conta que estudaram de fato as discografias das épocas e viveram intensamente nos ensaios. “Na preparação do elenco, vivíamos este clima musical e ele foi uma força motora dos improvisos e presente nos ensaios”, resume. A única concessão musical, desejo de produção, é um momento com música dos Mutantes, no momento mais erótico da trama. Até agora.


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