"Mormaço" debate especulação imobiliária com narrativa fantástica

"Mormaço" debate especulação imobiliária com narrativa fantástica

Filme foi exibido no 46° Festival de Cinema de Gramado e estreia nesta quinta nos cinemas brasileiros

Lou Cardoso

Reformas na cidade do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016 inspirou o filme "Mormaço"

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Depois de ser exibido em diversos festivais de cinema pelo mundo, "Mormaço", primeiro filme solo de Marina Meliande, estreia nesta quinta-feira nos cinemas brasileiros. Escrito pela própria diretora, a história debate o assunto da especulação imobiliária com uma narrativa que mistura elementos do cinema fantástico com o gênero do horror. Além de usar o tom político para denunciar as mudanças urbanas e inspirar resistência de forma poética

No filme, conhecemos Ana (Marina Provenzzano), uma defensora pública que dedica o seu trabalho na luta ao lado dos moradores da Vila Autódromo, uma comunidade pobre do Rio de Janeiro, que sofre ameaça de remoção para a construção de projetos voltados para as Olímpiadas. Ao mesmo tempo, a personagem também vive assolada pela mesma situação em seu prédio na Copacabana, zona Nobre carioca, para um empreendimento hoteleiro. O estresse acaba se manifestando no corpo de Ana, que desenvolve uma doença misteriosa que resulta em uma forte transformação corporal.

• Atrizes de "Mormaço" ressaltam importância social do filme

Segundo a diretora Marina, a ideia de "Mormaço" surgiu na época em que o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016. "Eu comecei a me incomodar muito sobre como as decisões políticas em relação aos espaços públicos estavam sendo tomadas, e consequentemente a relação com as comunidades. Quis escrever sobre isso, fazer um filme sobre uma personagem que se sente pouco à vontade no espaço onde viveu a vida toda, que está se sentindo expulsa desse lugar e tivesse que se readaptar a esse espaço em transformação", disse. 

Marina argumentou que quis apontar as dificuldades que estavam acontecendo a sua volta. Especialmente com a situação da comunidade da Vila Autódromo, local que serviu de inspiração para a sua história. "Quando eu cheguei lá parecia um cenário pós-apocalíptico, tinham algumas casas completamente destruídas e outras ainda em pé, uma associação de moradores muito forte, organizada e consciente do que eles podiam fazer para lutar pelos seus direitos de moradia e eu fiquei fascinada pelo encontro com essas pessoas. Tinham lideranças femininas muito fortes, uma delas é a Sandra, que virou uma das atrizes do filme fazendo a personagem Domingas”, comentou.  

Para a diretora, a Vila Autódromo era a síntese de tudo o que estava acontecendo naquela época: ruína e resistência, com mulheres fortes e corajosas na liderança de uma determinação superimportante.  A Vila Autódromo é a única comunidade da história das Olimpíadas que conseguiu resistir aos processos de remoções pois algumas famílias permanecem morando no bairro nos dias de hoje. 

"Mormaço" foi exibido no 46º Festival de Cinema de Gramado e também em festivais de Roterdã, do Rio e a Mostra de Cinema de São Paulo. Em Porto Alegre, o longa entrará em cartaz no CineBancários. 

Confira o trailer: 


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