Morre o iconoclasta francês Pierre Cardin, primeiro estilista a lançar uma coleção masculina

Morre o iconoclasta francês Pierre Cardin, primeiro estilista a lançar uma coleção masculina

Peça importante no renascimento da alta costura na França do pós-guerra, estilista faleceu aos 98 anos em hospital

AFP e Correio do Povo

O estilista Pierre Cardin morreu aos 98 anos

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Um profissional visionário e peça importante no renascimento da alta costura na França do pós-guerra, o estilista francês Pierre Cardin, morreu nesta terça-feira, aos 98 anos. Filho de imigrantes italianos que se transformou em um empresário mundialmente conhecido, ele faleceu nesta manhã no hospital de Neuilly, em Paris. “Dia de grande tristeza para toda a nossa família, Pierre Cardin não vive mais. O grande costureiro que foi, sobreviveu ao século, deixando a França e o mundo com um patrimônio artístico único na moda, mas não só”, escreve sua família em um comunicado à imprensa. 

"Todos temos orgulho da sua ambição tenaz e da ousadia que demonstrou ao longo da sua vida. Homem moderno, de muitos talentos e de uma energia inesgotável, desde muito cedo nos fluxos da globalização dos bens e do comércio. Suprema consagração, ele é o primeiro estilista a entrar na Academia de Belas Artes (em 1992), fazendo com que a moda seja reconhecida como uma arte por direito próprio. Hoje, sua espada da Academia, que ele mesmo criou, e na qual estão gravados os símbolos do seu sucesso, é a prova diss”, lembra o texto.

Nascido em 2 de julho de 1922 em Sant’Andrea di Barbarana, na região do Vêneto, filho de pais agricultores, Pietro Costante Cardini cresceu na França, onde sua família fugiu do fascismo. Desta jornada “self-made-man”, extraiu um orgulho particular que colocou em suas criações. O último nascido em uma família de sete filhos, começou aos 14 com um alfaiate em Saint-Etienne.

No final da guerra, ele voltou a Paris e se juntou a Paquin. Foi nesta casa que conheceu Jean Cocteau e Christian Bérard, que então trabalhavam em "A Bela e a Fera". Para eles, ele faz fantasias e máscaras. E o apresentam ao amigo Christian Dior, que o contratara como primeiro alfaiate na grife que haviam recém lançado em Paris. Nesta posição invejada, ele se gabava de ter participado da invenção do alfaiate Bar, cuja jaqueta de cintura fina e basques amplos, fez do New Look um sucesso desde o início.

Em 1954, Cardin lançou sua própria maison. Designer visionário, ele multiplicou sua criações adotando um sistema de licenças que garantiu a distribuição em todo o mundo, fixando seu nome em produtos tão diversos como gravatas, cigarros, perfumes ou até mesmo água mineral. Em 1960, ele foi o primeiro estilista a lançar uma coleção de roupas masculinas: uma grande estreia apresentada por 250 alunos recrutados em universidades parisienses. Ao mesmo tempo, lançou a primeira modelo japonesa a desfilar nas passarelas francesas, Hiroko Matsumoto, por quem havia se apaixonado em Tóquio em 1957.

Isso abriu espaço para sua popularização e internacionalização – antes, em 1962, foi o primeiro estilista a ousar oferecer peças de sua coleção a uma loja de departamentos parisiense, a Le Printemps. Mas o homem surpreendou ainda mais com seu lado aventureiro e iconoclasta: se tornou a primeira marca estrangeira a realizar um desfile de moda na China, após a adoção do país de sua política de reforma e abertura em 1978. Mais tarde, em 1986, pisou na União Soviética, chegando a desfilar na Praça Vermelha e desafiando a conjuntura política da época. 


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