Neyde Veneziano assina adaptação de texto de Franca Rame & Dario Fo

Neyde Veneziano assina adaptação de texto de Franca Rame & Dario Fo

“O Despertar”, monólogo protagonizado por Carla Candiotto, tem apresentações on-line gratuitas

Correio do Povo

"O Despertar" é o segundo texto dos 25 monólogos para mulheres da antologia feminina, a famosa obra do casal Franca & Fo

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Com tradução, adaptação e direção de Neyde Veneziano, a partir de “Il Risveglio”, texto de Franca Rame & Dario Fo de 1977, “O Despertar” ganha temporada on-line gratuita, até 20 de junho. Interpretada ao vivo pela atriz Carla Candiotto, as transmissões ocorrem pela plataforma Sympla, de sextas a domingos, sempre 20h.

De acordo com a diretora, “O Despertar” é o primeiro espetáculo de uma série criada especialmente para Franca Rame e que precisa sempre de boas atrizes que tenham tempo de comédia e um entendimento profundo da tragédia do cotidiano feminino. “Queremos que a nossa plateia se aproxime, cada vez mais, da obra deste casal considerado “os introdutores da cena teatral contemporânea na Itália.”  Este é o segundo texto dos 25 monólogos para mulheres da antologia feminina de Franca Rame e Dario Fo, cujo foco é a mulher trabalhadora, a operária italiana dos anos de 1970. Na versão da encenadora, ela se transforma em uma vendedora de loja de R$ 1,99 assediada pelo patrão comerciante, maltratada pelo marido desempregado e que ainda sustenta a casa. “Mudamos essa função de trabalhadora de fábrica para comerciária, a fim de nos aproximarmos mais do universo brasileiro. Pretendemos provocar indignação na plateia, pelo desprezo e indiferença com que os mais ricos tratam as pessoas mais simples, que representam uma classe social fragilizada duplamente: pela condição de mãe-mulher e pela condição menos favorecida.” Veneziano acredita no valor histórico e dramatúrgico destes 25 textos. 

A personagem acorda cedo, pega o metrô para o trabalho e, antes de sair, precisa deixar tudo em ordem e, principalmente, arrumar o nenê (seu filho) para deixá-lo na creche. “Só que para tudo tem horário. Deve chegar na porta da creche antes que feche o portão. Suas coisas já estão em ordem. Porém, as confusões na hora de sair começam por atrapalhar a partir do momento em que não encontra a chave. E a porta está trancada!” Trata-se de uma comédia nitidamente de situação, recheada de gags próprias para palhaços e situações absurdas vão se sobrepondo: a chave some, ela repassa tudo que fez na noite anterior, o nenê chora muito, não pode acordar o papai, o nenê faz cocô, e ela precisa trocá-lo, não tem água na torneira, ela aproveita a água da sopinha, coloca queijo ralado no lugar do talco e, assim por diante, atinge um tempo cômico quase chapliniano. “O absurdo do real cresce com a crítica aos patrões, com a péssima qualidade do transporte público, com a briga de casal, com as horas passando, até chegarmos no verdadeiro non sense que, por mais absurdo que seja, faz muito sentido!”, comenta Neyde.

A diretora escolheu Carla Candiotto “para levar o texto às últimas consequências. Porque essa estética lhe é familiar: Carla Candiotto, como Franca Rame, também tem o DNA dos commici dell’arte”.  A obra chega dois anos depois de “Francesco”, montado com Paulo Goulart Filho. Anteriormente, Neyde dirigiu “MisteroBuffo”, com Domingos Montagner – ambos de Dario Fo. Autoridade sobre a obra do dramaturgo contemporâneo mais encenado no mundo, Neyde morou um ano em Milão, entre 2000 e 2001, quando se debruçou sobre a obra de Fo e Franca, pesquisando o acervo da companhia, vendo vídeos, assistindo aos espetáculos, ensaios e palestras. Nesse tempo na Itália, por conta de sua pesquisa de pós-doutorado, Neyde Veneziano - autora do único livro sobre Dario Fo publicado no Brasil - conviveu com quem considera “figuras mais emblemáticas de um tipo de teatro que não se esquece da plateia e das causas sociais”, inclusive frequentando sua casa. Assistia a espetáculos de teatro com Franca Rame e chegou a atuar como sua assistente durante um workshop ministrado por ela a seis atrizes americanas, que queriam aprender com a autora os procedimentos atorais para o texto “O Estupro”.
 
 
 

 


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