O Eixo Poesia do Prêmio Jabuti destaca cinco escritoras

O Eixo Poesia do Prêmio Jabuti destaca cinco escritoras

A lista inclui a estreante Mar Becker, do Rio Grande do Sul, ao lado da mineira Maria Lúcia Alvim, que morreu, aos 88 anos, de Covid - 19, em fevereiro deste ano.

Luciana Vicente

Recorte da capa do livro “O Movimento dos Pássaros” , de Micheliny Verunschké

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Um momento especial para as escritoras nesta 63ª edição do Prêmio Jabuti. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou a lista dos cinco finalistas de cada uma das suas 20 categorias. No Eixo Poesia, um grupo formado por cinco mulheres concorre ao troféu. A lista inclui a estreante Mar Becker, do Rio Grande do Sul, ao lado da mineira Maria Lúcia Alvim, que morreu, aos 88 anos, de Covid - 19, em fevereiro deste ano.

Os vencedores do prêmio serão revelados na cerimônia de premiação, no dia 25 de novembro, às 19h, pelo Youtube da CBL. O ganhador de cada categoria recebe R$ 5 mil e a estatueta do Jabuti. E os premiados dos eixos Literatura e Não Ficção concorrem ao Livro do Ano, no valor de R$ 100 mil.

As escritoras e seus livros do Eixo Poesia

“Batendo pasto” (Relicário) traz poemas inéditos de Maria Lúcia Alvim (1932 - 2021). O livro foi resgatado de um manuscrito que a escritora havia deixado para o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto, recomendando a publicação só após sua morte. Por sorte, ela foi convencida a lançá-lo antes, o que resultou em reconhecimento em vida. Na ocasião, Maria Lúcia deu entrevistas e gravou vídeos lendo seus poemas.

Nascida em em Araxá (MG), Maria Lúcia Alvim era irmã dos poetas Francisco Alvim e Maria Ângela Alvim e publicou cinco livros de poemas até 1980. No dia 3 de fevereiro, deste ano, ela morreu em decorrência de complicações da Covid-19. "Batendo pasto" foi lançado em 2020, após um silêncio de 40 anos. 

De Passo Fundo (RS), mas morando em São Paulo, Mar Becker foi indicada por seu livro de estreia “A mulher submersa” (Editora Urutau).  Entre os temas abordados por ela estão a história das mulheres na literatura e no mundo, o feminino, a morte. Seu texto está permeado pelo pensamento filosófico. 

Mar Becker é formada em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo e tem especialização em epistemologia e metafísica (Universidade Federal da Fronteira-sul). Ela ficou conhecida por publicar seus textos em blogs de literatura e nas redes sociais. Seu livro também foi publicado em Portugal. 

De Pernambuco, Jussara Salazar concorre com “O dia em que fui Santa Joana dos Matadouros” (Cepe), livro escrito ao longo de dez anos e inspirado em histórias reais de três mulheres, de diferentes épocas, impedidas de se expressar por contrariarem os cânones vigentes: uma que teve seus pertences queimados em praça pública e banida por fugir com seu amor; outra degolada por um homem ciumento; e a terceira vítima de bala perdida disparada por um tresloucado. 

Com esse livro Jussara foi vencedora do 6º prêmio Hermilo Borba Filho de Literatura. Nascida em Pernambuco, a escritora reside em Curitiba (Paraná), desde 1985. 

Também de Pernambuco, a escritora, crítica literária e historiadora Micheliny Verunschk conquistou a indicação ao prêmio Jabuti com “O movimento dos pássaros” (Martelo), também vencedor do 2º lugar no Prêmio Biblioteca Nacional 2021, Poesia – Prêmio Alphonsus de Guimaraens.

“O Movimento dos Pássaros” é um livro dedicado ao poeta brasileiro, Belchior, do qual a autora também retirou seu título (Micheliny escutava “o movimento dos pássaros” em vez de “o movimento do tráfego”, como compôs Belchior em sua música ‘Alucinação’). Seus versos tratam da vontade de viver e mudar as coisas.  Ela trata do movimento migratório das vidas e dos seres humanos, das vidas que vão e que vêm, travessias, passagens contínuas e tentativas de se estabelecer em algum lugar pelo mundo. 

“O mundo mutilado” (Quelônio), de Prisca Agustoni Pereira, conta com sete partes: seis delas são compostas por poemas, e a última traz a motivação do livro.  A autora trata da tragédia das migrações feitas por barcos no litoral norte-africano e a tentativa de entrar na Europa pelas fronteiras marítimas do Mediterrâneo. Suas influências vão de poetas como Bertolt Brecht, Mariella Mehr, Agota Kristof e Sylvia Plath a pensadores como Pier Paolo Pasolini, Aimé Césaire, Dany Laferrière e Walter Benjamin

Prisca Agustoni escreveu também “Animal extremo” (Patuá, 2017) e “Hora Zero” (Patuá, 2016). É poeta, narradora, tradutora e ensaísta. Leciona literatura comparada na Universidade Federal de Juiz de Fora  (MG), cidade onde reside.


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