Obras roubadas por comerciante de arte nazista serão exibidas pela primeira vez
Mostras na Alemanha e na Suíça reunirão cerca de 1.500 trabalhos apreendidos na casa do filho do homem
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Os itens, avaliados em centenas de milhões de euros, foram encontrados por inspetores fiscais em 2013, nas casas do homem em Munique e Salzburg, no que foi descrito como a maior descoberta artística da era do pós-guerra. Colecionador recluso, ele herdou o acervo de seu pai, que os roubou durante o Terceiro Reich. Gurlitt morreu de insuficiência cardíaca aos 81 anos, no ano seguinte, deixando as obras para o museu da capital suiça. Um tribunal de Munique abriu o caminho para as exposições inovadoras depois de negar um pedido de devolução das pinturas feita por um membro da família, que afirmava que Gurlitt não tinha uma mente sã quando ele fez a doação.
Gurlitt nunca trabalhou e vendeu partes da coleção para pagar sua manutenção. Em 2010, ele foi preso em um comboio por um oficial aduaneiro alemão que encontrou uma grande quantidade de dinheiro em sua mala quando ele voltou de uma viagem à Suíça para comercializar algumas das obras. Uma investigação subsequente pelas autoridades levou à descoberta do restante das obras.
"Pela primeira vez, o público terá uma visão dessas obras de arte que foram classificadas quando foram descobertas como sensacional e um tesouro", disse Nina Zimmer, que organizou a exposição de Berna. É também uma oportunidade para que o mundo da arte faça uma pequena auto-avaliação crítica sobre seu papel durante o regime de Hitler. A exposição de Berna contará a história da arte moderna, banida pelos nazistas sob a alcunha de arte "degenerada", entre 1937 e 1938. Essa ação levou ao confisco de mais de 23 mil pinturas, esculturas e gravuras de galerias públicas em toda a Alemanha.
Já a mostra em Bonn mostrará a história de arte saqueada - obras roubadas ou vendidas sob pressão, de indivíduos ou famílias de judeus e outros perseguidos pelo regime. Ela abordará particularmente o capítulo mais sombrio da biografia do pai de Gurlitt, Hildebrand, que atuou como um dos mais importantes comerciantes de arte no Terceiro Reich, trabalhando diretamente com Hitler. Para a curadora, as exposições são sobre "prestar homenagem às pessoas que se tornaram vítimas do roubo da arte nacional-socialista, bem como aos artistas que foram difamados e perseguidos pelo regime como degenerados".