Público verá novo cenário em reabertura de espaços culturais em Porto Alegre

Público verá novo cenário em reabertura de espaços culturais em Porto Alegre

Espaços deverão passar por uma série de adaptações por conta da pandemia

Carlos Correa e Caroline Grüne

Casa de Cultura Mario Quintana deve ser um dos últimos espaços a reabrir as portas

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Um relatório apresentado recentemente pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa de Governo de São Paulo trazia uma pesquisa que perguntava às pessoas quais locais e/ou programas elas tenderiam a evitar depois que as restrições em função da Covid-19 fossem liberadas.

Em termos de cultura, afetada grandemente pela pandemia, o maior índice ficou com cinemas, teatros, bares e boates, todos com 55%; shows estão logo atrás, com 53%, enquanto museus, galerias e outros tipos de espaços culturais aparecem com uma rejeição bem mais baixa, de 37%.

O mais provável é que a questão do distanciamento tenha sido o fator decisivo para tanta diferença. Um sinal evidente neste sentido é a Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), na Capital. No local, existem três cinemas, dois teatros, um anfiteatro, duas bibliotecas, uma discoteca, seis galerias de exposições, dez salas de ensaios e duas salas multimeios, além de um jardim e dois atelieres de arte.

Pois são justamente os espaços em que há lugares marcados que devem ser os últimos a retornarem. "Talvez museus e bibliotecas reabram antes de teatros e cinemas, porque com os primeiros a sistemática de controle de público é mais fácil de administrar", afirma Jessé Oliveira, diretor da CCMQ, que revela ainda estarem sendo elaborados dois planos pós-Covid-19: um deles, para a retomada administrativa das atividades e outro para a reabertura gradual dos espaços culturais. Não há data exata para nenhum deles, algo comum a todas as atividades artísticas neste momento.

Quando o público voltar a lugares que estava acostumado, talvez encontre um cenário um tanto quanto diferente em função de novos protocolos, como o uso obrigatório de máscara e distanciamento controlado.

"O nosso entendimento é que mesmo depois de termos autorização, vai ser uma abertura com muita segurança. Estamos nos preparando para o segundo semestre, agosto, setembro. Talvez os espaços culturais fiquem parecidos com hospitais", brinca a gerente do Centro Cultural do Instituto Ling, Carolina Rosado, que segue: "Mas a gente tem que se preparar para isso. Fiz uma reunião com uma infectologista justamente para ver o que ela recomendaria para um cenário de abertura".

Readaptação

Para se adequar ao novo contexto, o Instituto tem buscado se basear em dados objetivos, que possibilitem organizar o recomeço. Todos os espaços do local, por exemplo, foram estudados para recalcular qual seria a redução na capacidade. Salas de aula que anteriormente comportavam 25 alunos passarão a ter somente dez.

O Salão de Eventos, que abrigava 200 pessoas, vai receber 45. Na CCMQ, já estão sendo elaborados mapas para as salas de cinema e teatro, com locais definidos para a ocupação que obedeçam um distanciamento controlado. Galerias de exposição de arte, por outro lado, terão controle de entrada de público. Nem mesmo os livros serão poupados da nova realidade.

"As bibliotecas também deverão ter uma programação de limpeza que garanta a higienização necessária, bem como o isolamento temporário de cada obra utilizada, devendo passar, cada livro, por uma quarentena de aproximadamente nove dias, uma vez que não é recomendada a higienização com álcool em livros e partituras", adianta Jessé.

O recomeço no segundo semestre seria uma forma de minimizar o lamento por aquela que era considerada a melhor temporada do Instituto Ling e que viu, só até agora, mais de 100 eventos serem cancelados. "Era o nosso melhor ano desde a abertura, tínhamos uma quantidade enorme de atividades, seriam 250 no ano. Algumas a gente vai ter que guardar na gaveta. Dança, por exemplo, todos que envolvem muito contato humano, a gente está pensando em 2021", explica a gerente.

Prejuízos culturais e econômicos

Na CCMQ, a situação é parecida. Com espaços tão distintos entre si, o número de atividades que não saíram do papel é gigante. "Ainda não é possível quantificar em termos monetários, mas, com certeza os prejuízos culturais e sociais são enormes e levarão muito tempo para uma recuperação. Temporadas de teatro, dança, música foram suspensas; exposições canceladas e muitas obras artísticas que são gestadas na Casa foram interrompidas", descreve Jessé.

A saída temporária em alguns casos tem sido proporcionar algumas atividades online. Carolina admite que, em um primeiro momento, não via com entusiasmo a onda das lives. "Me incomodava o sentimento de estarmos parados, mas seria mais uma no meio de tantas. Quando falei com alguns dos nossos clientes mais frequentes, aí caiu a ficha que havia pessoas que o que proporcionávamos fazia diferença para a vida delas", conta, revelando que os maiores pedidos têm sido por poesia, música e literatura.

"É como se fosse uma válvula de escape, as pessoas querem sair do hard news, tanto que a questão da meditação foi uma das primeiras coisas que escutamos", revela ela.

Desde então, foram lançadas uma série de atividades online, em uma programação que têm eventos agendados até o final de junho, muitos deles gratuitos como um debate sobre "O Amor nos Tempos de Cólera", de Gabriel García Márquez, no dia 25 de maio, com a participação do professor Sergius Gonzaga.


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