Pesquisa aponta setor editorial como segunda área mais relevante da economia criativa do RS

Pesquisa aponta setor editorial como segunda área mais relevante da economia criativa do RS

Feita pelas Secretarias de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e da Cultura (Sedac) mostra que, mesmo com queda no número de empresas e empregos, segmento se mantém como um dos mais importantes da área

Correio do Povo

Estudo "Setor editorial no Rio Grande do Sul: evolução recente e tendências" divulgou nesta quinta-feira informações sobre este mercado

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Com 4.898 empresas ativas e 22.744 empregos gerados em 2018, o setor de Publicação, Editoração e Mídia, que tem no segmento editorial o de maior representatividade, ocupa lugar de destaque nas atividades da chamada economia criativa no Rio Grande do Sul. Entre as nove setores que formam o segmento criativo, o que envolve o mercado editorial é o segundo mais importante da área em número de empregos, com 16,95% do total de vagas formais existentes (134.155). Mas apesar da representatividade, o setor de Publicações segue uma trajetória geral de queda desde 2006, quando era o responsável pela geração de 27.209 empregos formais no Estado, uma redução de 16,4% entre os períodos avaliados. 
 
As informações sobre esse mercado foram divulgadas hoje no estudo "Setor editorial no Rio Grande do Sul: evolução recente e tendências", produzido pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), a partir de uma parceria com a Secretaria da Cultura (Sedac). O material compõe a terceira pesquisa de uma série que visa subsidiar a implementação do RS Criativo - programa da Sedac para fortalecer a economia criativa do Estado. Elaborado pelo pesquisador do DEE Tarson Nuñez, o documento tem por objetivo analisar a dinâmica do setor, sua dimensão e perspectivas, com prioridade ao mercado do livro, ainda que também tenham sido apresentados dados relativos ao mercado jornalístico. 
 
Para realizar as estimativas, o pesquisador utilizou como fontes o Cadastro de Empresas e o Censo mais recente, produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de fontes secundárias, como os dados fornecidos pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros. "Existem poucos estudos sobre o setor que abordem o tema sob uma ótica da sua dimensão econômica. Apesar das limitações, buscamos lançar um olhar para esse aspecto e para os elos com menos dados estatísticos disponíveis, como é o caso dos escritores", destaca Nuñez. “O estudo feito sobre o mercado editorial e o setor do Livro, Leitura e Literatura é um importante instrumento de diagnóstico. Os resultados ajudam a definir as políticas públicas de fomento para o setor, realizadas pela Sedac, por meio do IEL, bem como para os empreendedores desse segmento”, complementa a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.
 
*Publicação, editoração e mídia* 
Enquanto as atividades da economia criativa registraram um aumento de 21,7% no número de empregos entre 2006 e 2018, quando gerava a 134.155 vagas formais, o setor de Publicação, editoração e mídia caminhou no sentido oposto e obteve a segunda maior queda percentual do segmento (-16,4%), melhor apenas do que o setor de Patrimônio e culturas tradicionais (-33,1%), sendo este muito menos representativo em números absolutos. O movimento é semelhante quando considerado o número de empresas ativas, que em 2006 era de 6.003, chegou a 6.487 em 2010, caiu ao menor patamar em 2017, com 4.797, e em 2018 atingiu 4.998, uma queda de 17% na comparação com o primeiro ano analisado.
 
De acordo com o estudo, o movimento de queda é semelhante em todo o Brasil, mas no RS foi mais acentuado na comparação com o mercado nacional, que perdeu 6% dos postos de trabalho e 13% no número de empreendimentos. Quanto às quatro áreas que compõem o setor de Publicação, editoração e mídia (editorial, atividades gráficas, comercialização e internet), elas tiveram movimentações distintas ao longo do período analisado no documento. O setor editorial, que envolve a publicação de jornais, livros e revistas, é o de maior peso na área e teve na atividade jornalística uma queda significativa, decorrente das mudanças tecnológicas e da crise econômica. A edição de jornais tinha em 2006 390 empresas na área, chegou a 497 em 2010 e regrediu a 347 em 2018, redução de 11% entre o período inicial e final. Quanto ao número de empregos, em 2006 havia 8.564 pessoas trabalhando em empresas jornalísticas, número reduzido para 4.342 em 2018.
 
Nas atividades gráficas, o número de empresas teve uma redução de 39,4% em 12 anos (de 857 para 519) enquanto a quantidade de empregos caiu ainda mais (47,8%, de 4499 para 2345 vagas). Na área de comercialização, a mais significativa em número de empresas no setor de Publicação, editoração e mídia e que inclui livrarias e papelarias, por exemplo, o número de empregos formais caiu de 12.878 em 2006 para 11.575 em 2018, enquanto o número de empresas teve retração de 34,3%, passando de 4.398 empreendimentos para 2.887. 
 
O destaque entre as áreas é o segmento de internet, que embora não se relacione de forma direta com as atividades clássicas do setor editorial, é considerada em função do processo de transição tecnológica em curso, em que muitos produtos migraram do formato impresso para o digital. Em 2006 eram apenas 58 empresas do segmento, número que pulou para 847 em 2018 no RS, um crescimento de 939,3%. O mesmo impulso foi registrado no número de empregos, que saltou de 114 postos de trabalho para 3.110 em 2018.
 
"Essa dinâmica de crescimento sustentado e intenso sinaliza que a transição no setor editorial dos meios impressos para os meios digitais é uma tendência confirmada pelos dados. Não significa, porém, que os livros, as revistas e os jornais vão desaparecer nem no curto e nem no médio prazo. Para acompanhar as mudanças, a construção de políticas públicas de estímulo à leitura e fomento a todos os setores da cadeia pelos governos é um desafio que deve ser enfrentado", avalia Nuñez.
 
RS Criativo 
O RS Criativo é um programa da Sedac que busca potencializar a economia criativa no Estado, segmento que inclui setores nos quais a criação de valor tem como base dimensões imateriais como a criatividade, a cultura, o conhecimento e a inovação. As características e potencialidades do segmento estão na pauta dos estudos do DEE/Seplag para auxiliar na implementação das políticas no Rio Grande do Sul.

 “As pesquisas são fundamentais  e necessárias ao setor do Livro, Leitura e Literatura, tanto  para subsidiarem o Instituto Estadual do Livro (IEL), em tomadas de decisões para a construção de políticas públicas, quanto para os empreendedores do mercado editorial, no sentido de redefinir ou  reafirmar ações. Nessa perspectiva, o IEL trabalha para avançar e contribuir para a recuperação do setor”, explica a diretora do Instituto Estadual do Livro, Patrícia Langlois. A primeira pesquisa desta análise foi divulgada em dezembro de 2019 e apontou os indicadores de empregos na economia criativa no Estado (https://planejamento.rs.gov.br/economia-criativa-emprega-mais-do-que-setores-tradicionais-da-producao-gaucha-aponta-pesquisa), no período entre 2006 e 2017. O documento mostrou que são mais de 130 mil os empregos formais no segmento, contingente superior ao da indústria calçadista e do setor automobilístico no RS. Além deste, foi também publicado o estudo o relativo ao impacto da cadeia da música na economia do Estado. (https://planejamento.rs.gov.br/pesquisa-inedita-revela-potencial-de-impacto-da-cadeia-da-musica-na-economia-do-rs)

 
 
 
 
 
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