Porto Alegre em Cena recebe "Outros" no Theatro São Pedro

Porto Alegre em Cena recebe "Outros" no Theatro São Pedro

Espetáculo aborda inquietações e instabilidades contemporâneas

Vera Pinto

Apresentações ocorrem nesta sexta e sábado às 21h

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O hibridismo marca “Outros”, o mais recente trabalho do coletivo mineiro Galpão, o segundo em parceria com o diretor Márcio Abreu, que surgiu como um desdobramento de “Nós” (2016), que também assinou. Com texto do dramaturgo, diretor e ator da Cia. Brasileira de Teatro, juntamente com Eduardo Moreira e Paulo André, o espetáculo foca as inquietações contemporâneas, acerca da instabilidade em que estamos vivendo. As apresentações são realizadas nesta sexta e sábado, às 21h no Theatro São Pedro (Praça da Matriz, nº 176); e na próxima semana, na Região Metropolitana e Serra, com bate-papo.

Dez atores atuam em um espaço vazio com fundo infinito, na montagem bastante política, apesar da inexistência de referência direta a este tema, mas que é afetada pelo ambiente político de polarização. Construída a partir de improvisos de rua, em uma destas performances a mesa de trabalho do grupo foi levada e montada em vários pontos de Belo Horizonte, onde os atores convidavam as pessoas a se sentar e conversar sobre vários temas. “A gente se afetou muito por tudo o que o país viveu e continua vivendo. A peça fala de alteridade, como chegar ao outro, da impossibilidade de se dirigir a ele, da falta de diálogo e da falência do sistema democrático”, declara o ator Eduardo Moreira.

Dez monólogos correm em paralelo e não conseguem se relacionar. Para Eduardo, isto “traduz o espírito de nosso tempo, do diálogo nas redes sociais, onde as pessoas vivem em bolhas, todo mundo pensa igual e replica sempre a mesma ideia”. A construção da memória aparece como um elemento forte, ao falar de quem não está presente; assim como a incapacidade ou necessidade de escuta do silêncio e o impacto do agora no futuro. “Esta mesma encruzilhada acaba em um grande silêncio e as palavras não dão conta de traduzir o que estamos vivendo. É um impasse”, conclui o ator.

Em mais de 35 anos de trajetória, a 24ª montagem do Galpão, que é um dos mais respeitados grupos teatrais do Brasil, aproveita para abordar o lugar do artista e da arte na atualidade. Para tanto, transita entre o teatro, a performance, a dança e a música, pela primeira vez em um processo totalmente autoral, de composição da trilha sonora. Em um momento, uma atriz faz um resumo da peça inteira através da música, detalha Eduardo.

O espetáculo estará nas próximas terça e quarta-feiras, 17 e 18, às 20h, no Sesc Canoas (Guilherme Schell, 5340) e dia 20, em Caxias do Sul, no Teatro Municipal Pedro Parenti (Dr. Montaury, 1333), em duas sessões: às 18h e 21h. A equipe promoverá conversas abertas e gratuitas nestes locais. No dia 18, das 14h às 16h, o público terá oportunidade de trocar ideia no Sesc Canoas e, no dia 19, o bate-papo terá vez, a partir das 21h, no Teatro do Sesc Caxias do Sul, que fica na rua Moreira César, número 2462.


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