Prêmio Jacarandá reconhece cinco apaixonados

Prêmio Jacarandá reconhece cinco apaixonados

Evento literário do Correio do Povo será entregue na próxima terça, 17, às 20h, em cinco categorias distintas

Patrono da Feira, Jeferson Tenório é o autor do Livro do Ano, "O Avesso da Pele"

publicidade

Os jacarandás são as árvores que estavam lá na Praça da Alfândega, em 1955 quando foi realizada a 1ª Feira do Livro de Porto Alegre. Em 65 anos, esta árvore pertencente à família das bigoniáceas, com alturas de até 15 metros e floração de cor roxa ou violeta, se tornou o símbolo da maior feira literária a céu aberto da América Latina. Em novembro, há dois anos, o Correio do Povo homenageia os destaques do mundo dos livros e da literatura com o Prêmio Jacarandá. Neste ano, não será diferente. Na terça, dia 17 de novembro, às 20h, serão entregues os troféus do 3º Prêmio Jacarandá, com transmissão ao vivo pelas plataformas digitais do Correio do Povo. O patrocínio é do Banrisul e do PUCRS Cultura.


Serão entregues troféus em cinco categorias: Livro do Ano, Instituição Cultural, Personalidade do Livro, Autor Revelação e Homenagem Especial. Os agraciados foram escolhidos por uma comissão julgadora de membros da equipe do Correio do Povo, os jornalistas e escritores Juremir Machado da Silva, Marcos Santuario, Paulo Mendes e Luiz Gonzaga Lopes. Os vencedores são Livraria Bamboletras (Instituição Cultural), “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório (Livro do Ano), José Falero (Autor Revelação), Morgana Marcon, diretora da Biblioteca Pública do Estado (Personalidade do Livro) e Renata Agra Balbueno (Homenagem Especial). 

Homenagem Especial: Renata Agra Balbueno. Crédito: Arquivo Pessoal / Divulgação / CP


A auditora do Tribunal de Contas do Estado, Renata Agra Balbueno, quando soube que a Livraria e Editora Taverna, de propriedade de Ederson Lopes e André Gunther, estava sem recursos para bancar o aluguel do espaço localizado na rua Fernando Machado, 370, telefonou para a livraria e ofereceu ajuda. A atitude teve repercussão nacional, mas à época ela preferiu se manter no anonimato. A Taverna resistiu e agora vai se instalar no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana. Sobre o fato que a notabilizou, Renata diz: “Ao ver a publicação sobre as dificuldades dos meus vizinhos, vi inúmeras manifestações de apoio nas redes sociais, mas senti que só isso não bastava. A vida precisa de ações concretas, não somente de palavras. Graças a uma série de circunstâncias, me encontro em bom momento profissional e não fui afetada financeiramente, pela pandemia. A presença da Livraria Taverna ao lado de casa é importante para mim, por tudo o que ela é e o que representa. Então, ofereci ajuda”, revela. Sobre a distinção com a Homenagem Especial do Jacarandá, ela ressalta: “Me sinto lisonjeada com o prêmio, mas confesso que, além de nunca buscar reconhecimento, achei um gesto normal. Agradeço à Livraria Taverna e seus proprietários pela resistência e ao Correio do Povo pela sensibilidade e apoio”. 

Personalidade do Livro: Morgana Marcon. Crédito: Biblioteca Pública do Estado / Divulgação / CP


O prêmio de Personalidade do Livro causou bastante emoção à bibliotecária Morgana Marcon, diretora da Biblioteca Pública do Estado há 17 anos: “Estou muito feliz por receber este prêmio, pois me diz que estou no caminho certo, apesar de todos os obstáculos que a vida me apresenta. Atuar em uma área e uma instituição que propiciam o acesso democrático ao livro, leitura e informação, e que é escassa de recursos, faz com que sejamos criativos. E trabalhar com o que amamos é bom demais. Viva o livro!”

Instituição Cultural: Bamboletras, na foto Gustavo Ventura e Milton Ribeiro. Crédito: Sofia Salinos Teles / Divulgação / CP


Nesta pandemia, a Livraria Bamboletras fez um esforço hercúleo para que jamais faltasse o livro que o leitor esperava ler em sua casa ou estante. Completando 25 anos em 2020, o apaixonado por livros e atual proprietário Milton Ribeiro exulta pelo esforço da livraria ter sido notado e premiado. “Jamais pensamos que nosso esforço de manter a loja aberta pudesse ser notado e premiado. Foi o ano em que saímos do atendimento exclusivamente de balcão para o telefone, as redes sociais e as entregas através de ciclistas e motoboys. Foi o ano em que a livraria esteve quase vazia, apenas com poucos funcionários administrando e atendendo os desejos dos clientes. Foi complicado? Sim, mas valeu muito a pena. 2020 foi tão difícil e estamos tão frágeis que toda a equipe da Bamboletras ficou comovida pelo reconhecimento embutido na premiação. Muito obrigado”, destaca Milton.

Livro do Ano: "O Avesso da Pele", do patrono da Feira do Livro, Jeferson Tenório. Crédito: João Nunes / Divulgação / CP


Autor de três livros e patrono da 66ª Feira do Livro de Porto Alegre, Jeferson Tenório talvez tenha escrito o seu livro mais contundente até então. “O Avesso da Pele”. Como define Juremir Machado da Silva, este é “um romance forte sobre racismo, identidade e relação pai e filho”. Tenório não escondeu o seu contentamento com o fato do seu terceiro livro lançado por uma grande editora nacional, a Companhia das Letras, ter sido escolhido como Livro do Ano do Prêmio Jacarandá. “Iniciativas como estas do prêmio Jacarandá só reforçam a importância dos livros e da literatura mesmo nos tempos difíceis em que vivemos. Vida longa ao Prêmio Jacarandá", afirma o autor. 

Autor Revelação: José Falero. Crédito: Tomas Edson Silveira / Divulgação / CP


Dos cinco homenageados, talvez o Autor Revelação José Falero tenha sido a pessoa com ascensão mais meteórica no mundo da literatura. José Carlos da Silva Junior nasceu e vive na Lomba do Pinheiro. É desenhista, músico, desenvolvedor de software e escritor. Ele adotou o pseudônimo José Falero em homenagem à mãe, Rita Helena Falero, de quem herdou a veia artística, mas não o sobrenome. Ele publica seus textos nas redes sociais desde 2018, mas só publicou seu primeiro livro, de contos, “Vila Sapo”, em 2019, com a linguagem e a realidade da periferia. Neste 2020, ele foi contratado pela Todavia, de São Paulo, e lançou “Os Supridores”, o seu primeiro romance. Sobre o Autor Revelação, José Falero, Juremir Machado também exalta a rapidez e potência de meteoro do autor. “Os livros ‘Vila Sapo’ e ‘Os Supridores’ mostram um autor de escrita fulgurante e capaz de reproduzir a complexidade das falas, da oralidade, e do imaginário das periferias de grandes cidades como Porto Alegre. Há no seu texto uma força caudalosa que não deixa leitores indiferentes. Como se diz, nasceu um escritor. Os seus personagens têm a naturalidade dos homens e mulheres que andam pelas ruas e conversam sem pompas nem artifícios”, destaca o coordenador da Comissão Julgadora do Prêmio Jacarandá.


O Prêmio Jacarandá também alegra aos seus patrocinadores, o Banrisul e o PUCRS Cultura. Conforme a superintendente de Marketing do Banrisul, Lisane Fernandes, o prêmio é jovem, tem apenas três anos, mas se consolida como uma referência em termos de premiação no mundo dos livros. “Ele já nasce sob o signo da árvore tão simbólica da Praça da Alfândega, que sedia todo o ano a Feira do Livro. É um prêmio importante por valorizar a literatura na sua essência”, destaca Lisane. Segundo a superintendente de Marketing, é uma missão do banco apoiar os eventos culturais, seja na literatura, no teatro, no cinema. “O Banrisul apoia projetos tão distintos como Feiras do Livro da Capital e no Interior e projetos sociais em todo o Estado. As pessoas precisam consumir cultura para poder ter um senso crítico apurado”, finaliza. 
O diretor do Instituto de Cultura da PUCRS, Ricardo Barberena, comemora a existência do Jacarandá. “Terry Eagleton gostava de lembrar que Cultura deriva etimologicamente de cultivo. Assim sendo, nada melhor que cultivar os jacarandás-palavras que serão revelados na próximas segunda-feira. Vencer um prêmio pode ser o passo determinante numa carreira literária: a entrada num jardim de jacarandás que se bifurcam", pontua. 


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta terça-feira, dia 23 de abril de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895