"Quero ver o RS caber todo no Opinião", avisa o Tremendão

"Quero ver o RS caber todo no Opinião", avisa o Tremendão

Erasmo Carlos apresenta o show "Meus Lados B" neste sábado em Porto Alegre

Luiz Gonzaga Lopes

Erasmo tocará 22 canções "Lado B" neste sábado, entre as quais "De Noite na Cama" e "Maria Joana"

publicidade

O pai do rock nacional está com uma preocupação em relação ao Rio Grande do Sul neste final de semana. É que Erasmo Carlos não sabe como o estado inteiro vai caber no Opinião neste sábado, às 22h, quando apresenta o show “Meus Lados B”, que já rendeu ao Tremendão um CD e um DVD.

Brincadeiras à parte, a sensação que fica é que o show já é imperdível antes da sua realização, pois no repertório estarão pérolas B que foram eclipsadas por clássicos da Jovem Guarda e dos 53 anos de carreira deste senhor garoto de 74 anos, como “Festa de Arromba”, “Minha Fama de Mau” e "É Proibido Fumar".

No palco, Erasmo executará 22 canções, algumas bem desconhecidas do grande público, como “Maria Joana” e “Gente Aberta”, ambas do álbum “Carlos, Erasmo” (1971); “Grilos”, do disco “Sonhos e Memórias” (1972); e “Cachaça Mecânica”, retirada de “Projeto Salva Terra” (1974), que foi sucesso na Holanda, entre outras. O show foi pensado em 2013 para o projeto Inusitado, de André Midani, realizado no Palácio das Artes, no Rio de Janeiro. No palco, Erasmo estará acompanhado por José Lourenço (teclado), Billy Brandão (guitarra) e com os novatos Pedro Dias (baixo), Luiz Loppez (guitarra) e Alan Fontenele (bateria), da banda Filhos de Judith.

Erasmo tem 28 discos lançados na carreira, muitos com composições escritas com parceiros do naipe de Roberto Carlos, Nelson Motta, Liminha até gente mais jovem como Nando Reis, Marisa Monte, Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes. Com o disco "Gigante Gentil", de 2014 (completando a trilogia roqueira de volta à estrada no século XXI, iniciada com "Rock´n´Roll, de 2009, e "Sexo", de 2011), ele ganhou o Grammy Latino de Melhor Disco de Rock Brasileiro. Ingressos para o show ainda podem ser adquiridos (vá correndo!), na Youcom do Bourbon Wallig, Praia de Belas, Bourbon Ipiranga, BarraShoppingSul e Bourbon Novo Hamburgo, além das lojas Multisom (Andradas 1001), Canoas Shopping e Bourbon São Leopoldo e pelo site.

Em entrevista concedida esta semana por telefone ao Correio do Povo, Erasmo falou do show, da carreira, de política e da cessão da música "É Preciso Dar um Jeito Meu Amigo" para o longa gaúcho "Dromedário no Asfalto", de Gilson Vargas, em cartaz nos cinemas do RS.

Correio do Povo - Se o lado A de Erasmo Carlos já atrai tanto os roqueiros pelo país, o que esperar destas músicas lado B?
Erasmo Carlos - Este show "Meus Lados B" é uma coisa muito especial na minha carreira, reforçou ainda mais a estrada e os shows que fiz para divulgar estes três discos - "Rock´n´Roll", "Sexo" e "Gigante Gentil", cujo Grammy Latino me deu mais gás ainda, bicho. Quando o André Midani me convidou para o projeto Inusitado, no Palácio das Artes, no Rio de Janeiro, eu pensei que foi um projeto que caiu do céu, pois poderia novamente dar uma invertida, pois os caras querem sucesso, mas eu quero misturar e pude colocar músicas que eu não iria mais tocar, com arranjos novos, tipo "É Preciso Dar um Jeito Meu Amigo", "De Noite na Cama", "Maria Joana" e "Cachaça Mecânica". São músicas-chave da minha carreira, mas que seguiram outro caminho. "De Noite na Cama" mandou a música de Londres, no exílio, para mim. Eu fui selecionando as músicas e acabei chegando em 22. Explico a história de cada uma delas no show, como "Meu Mar", por exemplo. Eu fiz a música após ouvir "Casa no Campo", do Zé Rodrix, mas fiz a minha versão, o ideal de vida, que para mim é urbano e que envolva o mar. "Maria Joana" fala da maconha e da contracultura, do modismo da droga entre os intelectuais e assim por diante. Gravamos o CD/DVD no Tom Jazz e fizemos a estreia do show no Rio e está rendendo um sucesso inusitado, como o nome do projeto inicial.

CP - O Rio Grande do Sul é um estados mais roqueiros do país. Qual a sua conexão com o RS?
Erasmo -
Cara, são muitas as conexões. Sou muito querido por aí. Talvez por eu ter casado com uma gaúcha, ter filhos e netos com sangue gaúcho, e de eu volta e meia estar por aí, mas tem o lado que o público gosta muito dos show e dá muito retorno na hora, interagindo mesmo. Até quero perguntar uma coisa. Como vai caber Porto Alegre e RS inteiro no Opinião numa noite de sábado? Vai ser um problemão para vocês resolverem [dá um riso meio pigarreado]. Vocês já estão com os problemas de segurança, da polícia, espero que eu não seja mais um problema [brinca].

CP - Falar nisto, você sempre foi um sujeito político, daqueles que fala o que pensa e não tem papas na língua. Qual a sua posição sobre o atual cenário político brasileiro?
Erasmo -
Bicho, não sei se é a minha fase atual, mas acho que estou passando uma positividade. Estes dias, alguém do público foi até o camarim e disse que estava me estranhando, pois eu estava politizado, mas não do jeito que ele conhecia. Falou que os meus shows estavam com uma carga de esperança e positividade que ele nunca vira, que eu estava acreditando no amor. Não sei se isto é um descrédito para um roqueiro contestador, mas estou preferindo esta postura e estou acreditando mais, sendo positivo e esperançoso, mesmo com a política.

CP - Para fechar, uma trilha muito legal de filme neste ano é a de Dromedário no Asfalto, do gaúcho Gilson Vargas, na qual "É Preciso Dar um Jeito Meu Amigo" é a chave e inspiração. O que você pode dizer a respeito?
Erasmo -
Estou muito curioso para ver o filme. Eles me procuraram, eu cedi a música para o filme. Acabei de receber um cartão de agradecimento assinado pelo Gilson Vargas e pela equipe. O Gilson conta que a música foi a inspiração no filme. Isto que é o importante, pois uma música deixa marcas e rende frutos que nem podemos imaginar. Espero assistir ao filme logo. Olha aí, mais uma conexão com os gaúchos.

Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta terça-feira, dia 23 de abril de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895