Série croata da Netflix reflete cultura do país no dia a dia de um jornal independente

Série croata da Netflix reflete cultura do país no dia a dia de um jornal independente

Produção apresenta relações de poder entre integrantes da política local e empresários

Marcos Santuário

"Jornal" é uma série político-policial, que lembra um pouco duas produções recentes de sucesso do gênero

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A Croácia também está na Copa do Mundo de Futebol. Mas vem mostrando mais do que futebol para o mundo. Oficialmente chamada de República da Croácia, é país europeu que faz fronteira com Eslovênia, Hungria, Sérvia, Bósnia e Herzegovina, e Montenegro. Com a Itália possui fronteira marítima e, com estas características geográficas, naturais e culturais se pode entender o crescente interesse como rota do turismo mundial.

Mas, além do futebol e do turismo, a Croácia integra um contexto de mundialização de sua cultura, em meio a temáticas que transpassam as fronteiras. Coisas que acontecem lá e acontecem também em outras partes do planeta. E o audiovisual leva este contexto para as telas dos quatro cantos do mundo. Exemplo disso está na série croata “O Jornal” (Novine - que significa exatamente “jornal”, em croata), atualmente disponível na plataforma Netflix em sua primeira temporada, que teve a direção de Dalibor Matanic, um croata de 43 anos.

A primeira cena, do primeiro episódio, aponta para o universo de imagens sedutoras entregues ao espectador em um ritmo de crescente tensão reveladora. A estrada, a movimentação de automóveis. Um em particular. A iminência de um acidente. E tudo o que vem depois. A cidade em que toda a ação acontece é Rijeka, onde se localiza o maior porto da Croácia. É a terceira maior cidade do país (depois da capital Zagreb e de Split), e possui 240 mil habitantes em sua área metropolitana.

O universo de “O Jornal” traz poder e comunicação, política e relacionamentos humanos, buscas pessoais e sociais, em meio ao campo da investigação policial e às tramas do poder. Entre os temas que surgem na tela estão aqueles que se relacionam diretamente ao jornalismo. Ali está a situação dos jornais impressos, levando o assunto a um universo mais amplo do que as realidades geográficas que conhecemos. Surge a questão do jornal on-line, da internet e das novas formas de produzir, distribuir e consumir informações. Seja aqui, ou seja na Croácia.

Na trama, os profissionais do jornalismo croata discutem a independência editorial, a necessidade de se dar as notícias da forma mais isenta e mais trabalhada possível, enquanto acompanham as transformações que vão encurralando suas práticas diárias. Enfrentam situações reais dentro de sua comunidade em que se torna fundamental estabelecer limites entre o jornalismo sério, honrado, independente, e um crescente sensacionalista, irresponsável e orientado somente por interesses econômicos e políticos.

O Novine é o único jornal independente da cidade – o slogan da entrada do prédio já vaticina “em um oceano de informação, Novine”. Todos os demais órgãos de imprensa são, de alguma maneira, controlados pelo grupo político que domina o lugar. O principal líder político é o prefeito Ludvig Tomasevic (Dragan Despot), que teve a carreira insuflada pelo clã dos Kardum, dono de um conglomerado da construção civil, comandado hoje por Mario Kardum. Mario e Tomasevic são aliados, e, com o passar da trama se revelam outros comparsas. Daí se depreende uma teia de relações, acontecimentos e decisões. O resultado é uma trama contemporânea e envolvente. Entregue-se.




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