Semana Fashion Revolution será online em 2020

Semana Fashion Revolution será online em 2020

Ação envolve mais de 100 países e questiona segurança dos trabalhadores da moda

Vera Pinto

Coordenadora do movimento Fashion Revolution em Porto Alegre, Lívia Duda

publicidade

Sob o contexto da pandemia que está mudando o mundo, o Fashion Revolution  aborda, de 20 a 26 de abril, os temas consumo, composição das roupas, condições de trabalho e ações coletivas. O movimento convida à reflexão sobre #QuemFezMinhasRoupas, e demanda que as marcas de moda protejam e deem suporte para os trabalhadores de sua cadeia de produção. A programação, que acontece simultaneamente em mais de 100 países, será totalmente digital e pode ser conferida no site https://semanafashionrevolution.com.br

Desde a tragédia do Rana Plaza, em 2013, o Fashion Revolution mobiliza a sociedade em prol de uma indústria da moda que respeite e valorize a natureza e a vida de todos que fazem parte da sua cadeia. Em tempos de crise, é necessário atentar principalmente para os mais vulneráveis, que na moda, ocupam as pontas: as pessoas que fazem nossas roupas. “Esse é o momento de repensar o consumo. Agora temos a oportunidade de mudar nossos hábitos para caminhar por uma vida mais leve e com mais propósito”, propõe Livia Duda, coordenadora do movimento Fashion Revolution em Porto Alegre.

A crise decorrente da Covid-19 está prejudicando milhões de trabalhadores em todo o mundo, sendo que em Bangladesh, o segundo maior produtor global de itens de vestuário, já foi calculado quase 3 bilhões de dólares em pedidos cancelados, conforme a revista Forbes. A situação local é considerada apocalíptica, pois além de muitos estarem desempregados, estes trabalhadores também vivem em moradias precárias, sem acesso à água limpa e produtos de higiene. No Brasil a realidade não é tão diferente: pedidos cancelados, fábricas paralisadas e muitos trabalhadores impossibilitados de produzir, em uma realidade onde muitos dependem da produção diária para se alimentar. Mais do que nunca se faz necessário questionar o modelo de consumo o qual a sociedade como um todo está imersa, e quais os impactos que a cultura da descartabilidade têm sobre trabalhadores e o meio ambiente. E nos interessar sobre a composição das roupas, e o que isso representa na rotina de todos os trabalhadores que manuseiam químicos diariamente, impactando na sua saúde, na saúde do solo e das águas.

As condições de trabalho precárias na Indústria da moda, que sempre foram questionadas pelo movimento, se mostram exacerbadas em momentos como esse. Com demissões em massa e reduções de salário acontecendo na indústria, é colocada ainda mais luz sobre a vulnerabilidade dos trabalhadores. A falta de transparência, que muitas vezes encoberta a falta de responsabilidade das empresas para com seus trabalhadores, cria condições perfeitas para que pessoas sejam negligenciadas em detrimento ao lucro.

 

Números da indústria da moda no mundo:
- Mais de 90% dos trabalhadores da indústria global do vestuário não têm possibilidade de negociar os seus salários ou condições de trabalho (Fonte: IndustriALL)
- 80% dos países violaram o direito à negociação coletiva (Fonte: IUTC/2019)
- 77% dos varejistas britânicos acreditam que há uma probabilidade de escravidão moderna em sua cadeia de suprimentos (Fonte: Hult Research & Ethical Trading Initiative/2016).
- O vestuário é a segunda categoria de produtos de maior risco para a escravidão moderna (Fonte: Wolk Free Foundation/2018).
- Cerca de 150 bilhões de peças são produzidas anualmente (Fonte: Materiais de Vestuário Sustentáveis/2015)
- Comprar uma camisa de algodão produz as mesmas emissões que dirigir um carro por 56 quilômetros (Fonte: Oxfam/2019)
- A produção de têxteis à base de plástico utiliza cerca de 342 milhões de barris de petróleo por ano (Fonte: Ellen MacArtthur Foundation/2017
- Mais de 700 mil fibras podem sair da nossa roupa numa simples lavagem (Fonte: Napper and Thompson/2016).


Mais Lidas

Guia de Programação: a grade dos canais da TV aberta desta quinta-feira, dia 28 de março de 2024

As informações são repassadas pelas emissoras de televisão e podem sofrer alteração sem aviso prévio

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895