Semanas de Moda de Londres e Milão prestam homenagem a Lagerfeld

Semanas de Moda de Londres e Milão prestam homenagem a Lagerfeld

Em Paris, rosas brancas foram colocadas em frente à loja da Chanel

AFP

"Imperador" da moda morreu nesta terça-feira

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"Ele inspirou gerações de estilistas e seu legado perdurará", afirmaram nesta terça-feira os organizadores das Semanas de Moda de Londres e Milão, prestando homenagem ao falecido estilista Karl Lagerfeld. O número 180 da Strand, avenida movimentada em pleno coração de Londres, é o centro da semana de moda britânica. É um verdadeiro formigueiro ativo, misturando compradores, fotógrafos e modelos que correm entre um desfile e outro, além estilistas mais ou menos conhecidos. Após realizar mais de 80 desfiles e apresentações desde a última sexta-feira, a Semana de Moda de Londres terminou nessa terça em um clima de tristeza. "É uma perda muito grande. Sei que já não era jovem, mas eu não esperava. Uma notícia assim no último dia da Semana de Moda é tão triste", comentou emocionado Edson Toniato, estudante de moda vestido com terno preto e gola alta.

A notícia caiu como uma bomba ao meio-dia. "Soube no caminho para cá, foi uma comoção. Ainda não acredito", disse a estudante de uma escola de moda londrina Niamh Kerins. A emoção deixava rapidamente espaço para a homenagem. Para o público da Semana de Moda de Londres, o estilista alemão, que morreu aos 85 anos, era um "gigante" da moda, mas principalmente uma fonte de inspiração. "É um momento histórico para a moda", considerou o espanhol David Martín, jornalista especializado em moda, lembrando a "audácia" de Lagerfeld, mas também sua capacidade de trabalho e sua tendência de "controlar tudo, até os mínimos detalhes". "Inspirou gerações e gerações", acrescentou, lembrando que, junto com os italianos Donatella Versace e Giorgio Armani, "esses gênios fizeram a indústria da moda que conhecemos hoje em dia. Sem eles, não estaríamos aqui".

"Esse dinamismo, essa paixão" 

Em Milão, começaram nessa terça-feira os primeiros desfiles da Semana de Moda. Dois dias antes da apresentação da nova coleção da Fendi, a última assinada por Lagerfeld, a emoção era palpável. "Me entristece profundamente porque hoje perdemos um homem único e um estilista incomparável, que trouxe tanto para a Fendi e para mim", afirmou Silvia Venturini Fendi, diretora criativa para as coleções masculinas, em um comunicado. "Quando vi Karl pela primeira vez, era só uma menina (...). Ele foi meu mentor e meu ponto de referência", escreveu. "Para Fendi e para mim, o gênio criativo de Karl foi e continuará sendo nosso guia e luz, dando forma ao DNA da marca", completou. Em 1965, as cinco irmãs Fendi - Paola, Anna, Franca, Carla e Alda - chamaram o então jovem estilista alemão para trabalhar da marca romana. A colaboração durou mais de cinquenta anos, um recorde no mundo da moda. 

Muitas marcas italianas reagiram à notícia. Em nome da Prada, que vai desfilar na quarta-feira à noite, Patrizio Bertelli e Miuccia Prada prestaram "uma homenagem à memória de Karl Lagerfeld, a seu talento como estilista que marcou a moda internacional". O diretor artístico da Gucci, Alessandro Michele, postou uma fotografia antiga em branco e preto de Lagerfeld nas redes sociais, acompanhada de um coração negro. Carlo Capasa, presidente da Câmara Nacional da Moda Italiana, também elogiou a genialidade do estilista: "Você mudou o curso da moda, inspirou gerações e, principalmente, nos deu a oportunidade de sonhar".

A jovem estilista britânica Kitty Shukman, de 24 anos, faz parte dessa geração inspirada por Lagerfeld. Graduada em 2018 no London College of Fashion, tem um pequeno estande na Semana de Moda de Londres, onde expõe suas criações: sapatos esportivos de estilo futurista. "Durante meus estudos, sempre busquei referências em seu trabalho", revelou. Ela enaltece a capacidade de Lagerfeld de "trabalhar muito duro". "Sua entrega à Chanel era incrível. É algo em que quero me inspirar para minha carreira: mostrar esse dinamismo, essa paixão", destacou.

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Rosas brancas em frente à loja da Chanel em Paris

Em frente ao número 31 da rua Cambon, onde Mademoiselle Chanel abriu sua loja nos anos 1920, rosas brancas homenageiam seu já lendário herdeiro Karl Lagerfeld. "Era uma lenda, um mastodonte, salvou a Chanel, reinventou a marca", afirmou Mathieu Cipriani-Rivière, um jovem de 20 anos, que se dirigiu à butique após o anúncio da morte de "Monsieur Lagerfeld". Vestido com um casaco de couro preto, uma jaqueta amarrada na cintura, e correntes cromadas em volta do pescoço, ele reivindicou sua influência. "Sempre me inspirou, adoro os colares, as joias, o preto, sem ele a moda perde seu coração", suspirou. "Karl Lagerfeld era o papa da moda. Ele era toda a História", ressaltou o ex-estudante de moda, que não vê quem poderia substituir Lagerfeld.

De visita a Paris, Yakin Benk, uma turista de Istambul, ficou sabendo da notícia por sua filha, que a ligou da Turquia. "Estou tão, mas tão triste", comentou esta mulher de cerca de 50 anos, acompanhada pelo marido. "Tenho muitíssimos sapatos Chanel, ternos, óculos... tudo vintage. A Chanel é muito importante para nós, quando minha filha era pequena me dizia: quando crescer vou ganhar muito dinheiro e te darei de presente sapatos Chanel. Com seu primeiro salário, me deu de presente meu primeiro par", contou. Lagerfeld "soube rejuvenescer a Chanel sem distorcer a marca", avaliou.

Emocionada, Celina Pastors, de 26 anos, apertou contra o peito uma rosa branca envolvida em celofane, antes de depositá-la em frente à porta da butique. "Como ele, vim da Alemanha para Paris para aprender", disse esta jovem de Hamburgo. "Foto, moda... tinha um talento incrível, era muito culto, falava um francês delicado... Como vão substitui-lo"?, questionou em frente à fachada da prestigiosa loja.

Na fachada, nenhum laço preto ou cartaz anuncia sua morte. Nada perturba a discreta elegância da butique Chanel, situada entre o Sena e a praça Vendôme. Os turistas japoneses que se aproximaram para tirar fotos diante de suas vitrines ainda não ouviram a notícia. Em seu interior, os funcionários receberam instruções de não "dizer nada" à imprensa.

Estudante na Escola da Câmara sindical de costura parisiense, a jovem alemã e sua amiga, Marie Lanzoni, de 20 anos, vieram assim que ouviram sobre o falecimento do mestre, de 85 anos. Junto com sua rosa, Celina colocou um cartão, escrito em alemão: "Obrigada ao maior mestre da moda, um orgulho para a França e a Alemanha". Tom e Jade, ambos de 20 anos, vieram com a mesma ideia. Estudantes em uma escola de moda, chegaram cada um com uma rosa branca. "Para nós é quase parte da família", disse Tom André. "Era uma inspiração para as novas gerações, sobretudo seus desfiles", acrescentou com o olhar escondido atrás de óculos escuros. Sua amiga, Jade Mari, com o cabelo recolhido em duas tranças e um casaco creme, afirma que temia o pior. "Primeiro seus últimos desfiles, com o tema de Egito e as múmias, e depois o das folhas mortas, sentimos que já estava nos anunciando algo... E quando vimos que estava ausente no último dia do desfile em janeiro, soubemos que não lhe restava muito tempo", afirmou.


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