Spike Lee critica vitória de “Green Book” no Oscar

Spike Lee critica vitória de “Green Book” no Oscar

Diretor, que concorria na categoria de melhor filme, tentou deixar a cerimônia antes do fim mas foi impedido

Correio do Povo

Diretor concorria na categoria com "Infiltrado na Klan", que levou a estatueta de melhor roteiro original

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A vitória de "Green Book: O Guia" como o melhor filme do Oscar 2019 não deixou todos felizes. Depois que a atriz Julia Roberts anunciou a produção como a ganhadora do grande prêmio da cerimônia de domingo, o cineasta Spike Lee apareceu visivelmente zangado, não escondendo sua insatisfação. O diretor, cujo longa “Infiltrado na Klan” foi indicado na mesma categoria, balançou as mãos em desgosto e tentou sair do Teatro Dolby antes dos discursos serem concluídos. No entanto, foi barrado na porta por seguranças e forçado a retornar ao seu lugar.

“Os juízes fizeram uma decisão ruim”, disse mais tarde aos repórteres nos bastidores sobre seu gesto e explicou que que era uma reação semelhante às que faz nos jogos do New York Knicks "É uma picada de cobra. Toda vez que alguém está dirigindo para outra pessoa, eu perco”, afirmou em relação ao fato de que tanto quanto o laureado neste ano quanto “Conduzindo Miss Daisy” – que bateu o seu aclamado “Faça a Coisa Certa” em 1990 – terem uma pessoa servindo de motorista para outra. Com uma taça de champanhe na mão, que anunciou ser a sexta da noite, ele comentou que "se não fosse" por April Reign e o movimento que iniciou há quatro anos, #OscarsSoWhite, ele não teria pisado no palco com uma estatueta dourada na mão. Jordan Peele, o diretor e roteirista premiado com o Oscar por trás de “Corra!”, de 2018, também não aplaudiu.

“Green Book” é estrelado por Viggo Mortensen e Mahershala Ali e é baseado na história da relação entre Tony Lip, um motorista que, a convite do pianista e ícone da cultura negra Dr. Don Shirley, viaja com ele para uma turnê. Enquanto dois mundos distintos se chocam no início, um vínculo finalmente cresce à medida que eles seguem o itinerário. O longa tem sido amplamente criticado por perpetuar uma narrativa do “salvador branco”, e a reação dos diretores parece ser uma resposta à controvérsia. A obra também esteve envolvida em disputas com a família do músico.

Seu sobrinho, Edwin Shirley III, e seu irmão, Maurice Shirley, criticaram abertamente o roteiro em uma entrevista, afirmando que a imagem retratada do astro era uma “sinfonia das mentiras”. Mortensen rebateu, dizendo que a fala era “injustificada e injusta”. Além disso, o roteirista Nick Vallelonga – filho de Tony Lip – foi arrastado para o centro de outra controvérsia quando tweets anti-muçulmanos ressurgiram, mostrando que ele havia sustentado um falso boato de que muçulmanos americanos foram vistos comemorando os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Ele pediu desculpas em um comunicado: "Passei minha vida tentando trazer essa história de superação de diferenças e encontrando um terreno comum na tela e sinto muito por todos os associados ao ‘Green Book'. Peço desculpas ao incrivelmente brilhante e gentil Mahershala Ali e todos os membros da fé muçulmana pela dor que causei. Também sinto muito pelo meu falecido pai que mudou muito a amizade do Dr. Shirley e prometo que esta lição não está perdida para mim. É uma história sobre amor, aceitação e superação de barreiras, e eu farei melhor”, afirmara.


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