Desafios da armazenagem de grãos no Brasil: um alerta para o futuro
Por Jerônimo Goergen, presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra)
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O setor de armazenagem agrícola no Brasil enfrenta um cenário paradoxal: enquanto a capacidade de armazenagem cresce anualmente, a produção de grãos avança em ritmo ainda mais acelerado, ampliando o déficit estrutural. Segundo a Abimaq, o Brasil possui uma capacidade estática de armazenagem de 194 milhões de toneladas, contra uma produção estimada de 312,5 milhões de toneladas, resultando em um déficit de 118,5 milhões de toneladas. Essa lacuna cresce cerca de 5 milhões de toneladas por ano, agravando os desafios logísticos no pós-colheita.
Entre os problemas destacados, está a concentração de 85% dos armazéns em áreas urbanas, enquanto apenas 15% estão localizados em fazendas. Essa distribuição aumenta os custos de transporte e dificulta o escoamento eficiente das safras. Além disso, o investimento necessário para acompanhar o crescimento agrícola é estimado em R$ 15 bilhões anuais, mas os recursos disponíveis no Plano Safra 2023/24 são de apenas R$ 6,5 bilhões. A burocracia para acessar esses fundos também limita a capacidade dos produtores de modernizar suas estruturas de armazenagem.
Essa situação não apenas prejudica a competitividade do setor agrícola brasileiro, mas também eleva os riscos de perdas por deterioração e compromete o potencial de exportação. Para solucionar o problema, é crucial ampliar os investimentos públicos e privados em armazenagem, promover políticas que incentivem a descentralização dos armazéns e simplificar o acesso ao crédito pelos produtores.
O tema armazenagem foi amplamente discutido durante do 2° Congresso Cerealista Brasileiro, evento realizado em Garibaldi, que reuniu autoridades, empresários e os maiores especialistas no agronegócio. O evento foi considerado um sucesso e já começamos a contagem regressiva para a terceira edição. No próximo ano, estaremos juntos na Chapada dos Guimarães (MT) para dar continuidade a este trabalho tão relevante. Existem outros temas igualmente desafiadores, como infraestrutura, logística, questões tributárias, crédito, mercado internacional, crédito de carbono e sustentabilidade. Até novembro de 2025.