Razões para a proibição do uso do celular nas escolas

Razões para a proibição do uso do celular nas escolas

Por Laura de Andrade, diretora-executiva da Abess e especialista em Educação Especial e Inclusiva

Correio do Povo

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Nesta semana, foi sancionada a lei que proíbe o uso de celulares por estudantes em todas as escolas públicas e privadas do país. A nova legislação limita o uso de dispositivos eletrônicos portáteis pessoais durante as aulas, intervalos e recreios. Contudo, ela permite abordagens para fins pedagógicos ou didáticos, quando orientadas por professores, além de garantir a acessibilidade para estudantes com deficiência e atender a condições de saúde específicas, garantindo os direitos fundamentais.

Além disso, a lei estabelece que as escolas ofereçam espaços de escuta e acolhimento para estudantes que enfrentam dificuldades relacionadas ao uso excessivo das telas. Um dos focos é lidar com a nomofobia, que se refere ao medo de ficar sem o celular. Esse transtorno pode ser um obstáculo inicial na adaptação às novas regras, especialmente entre os mais jovens.

Estudos mostram que as telas prejudicam as crianças e adolescentes em vários aspectos cognitivos, sociais, emocionais, relacionais e comunicacionais. Esses domínios são basilares para o desenvolvimento humano em que as pessoas cresçam e saibam lidar com a ansiedade, o tédio, as perdas e frustrações. A infância é o período em que a neuroplasticidade do cérebro atua com mais intensidade, facilitando a formação de habilidades importantes para a vida adulta.

Não podemos desconhecer que existe aprendizado e desenvolvimento de outras áreas com o uso das telas, mas o que está em questão não é o uso e sim o excesso. No Brasil, o ensino regular, de acordo com a LDB (1996), prevê apenas 800 horas-aula distribuídas em 200 dias letivos na educação básica. Isso equivale a 4 horas diárias, um tempo já considerado limitado. Quando essas horas não são bem aproveitadas, o prejuízo educacional se torna ainda maior.

Ao limitar o uso das telas durante os momentos escolares, devemos criar chances de ensinar aos estudantes a importância de interagir presencialmente, conversar e compartilhar experiências significativas nos recreios e outros períodos do dia. No entanto, para que isso ocorra, é necessário transformar o ambiente escolar em um espaço de acolhimento e pertencimento, onde os estudantes não enxerguem o celular como sua única fonte de distração e interação.


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