Região Metropolitana resiliente

Região Metropolitana resiliente

Por Felipe Costella, Prefeito de Esteio

Correio do Povo

publicidade

Ao longo das últimas décadas, as cidades da Região Metropolitana enfrentam as consequências de um crescimento urbano desenfreado. O êxodo rural e a falta de planejamento no controle demográfico resultaram em uma urbanização desordenada. Cada nova chuva traz não só a água que invade ruas e casas, mas também uma sensação de impotência diante de problemas. O medo não é apenas da inundação em si, mas da falta de enxergar o óbvio, da criação de ações preventivas de uma sociedade que por muito tempo ignorou a necessidade de antecipar soluções.

Embora a responsabilidade do poder público seja inegável, é um equívoco esperar que ele resolva tudo sozinho. As enchentes não são apenas fenômenos naturais, mas resultados de decisões – ou da ausência delas. Resolver essa questão vai além de obras de infraestrutura: exige empenho mútuo entre governos, empresas e cidadãos. Aqui em Esteio, conviver com enchentes já faz parte da história da cidade. Se pudéssemos voltar no tempo, lembraríamos que boa parte da cidade foi outrora uma plantação de arroz, cultivada pela família Kroeff. Essa memória reflete a fragilidade ambiental que vivemos hoje. Esteio é uma das cidades mais baixas da região, onde as águas da Bacia dos Sinos se acumulam e transbordam pela área urbana.

A questão não é buscar culpados, mas desenvolver um planejamento estratégico que reduza o impacto das cheias. O Esteio Resiliente nasceu antes da catástrofe climática registrada no RSl. Esse programa iniciou no governo Pascoal e é um marco na prevenção, com um investimento de aproximadamente R$ 55 milhões captados junto ao BRDE. O programa contempla mais de 19 intervenções, desde o desassoreamento de arroios até a criação de bacias de reservação. Mesmo sendo o menor território do Estado, Esteio escolheu destinar 31% de sua área para proteção da cidade, seja com bacias de contenção, seja com áreas de preservação permanente (APPs).

Contudo, o poder público não pode – nem deve – enfrentar essa batalha sozinho. É fundamental engajar a sociedade civil, o setor privado e o terceiro setor nessa luta. Podemos continuar remediando danos ano após ano ou transformar nossas cidades em exemplos de planejamento sustentável.

O sonho de uma Região Metropolitana Resiliente é de um lugar onde a água deixa de ser ameaça para se tornar fonte de vida. Nenhuma chuva deveria roubar o sono de pais preocupados com a segurança de seus filhos ou de trabalhadores temerosos em perder o que construíram. A transformação exige mais do que engenharia, requer atitude. A resiliência deve ir além de um conceito, tornando-se a força que impulsiona ações concretas e ser um compromisso compartilhado de enfrentar desafios, lado a lado.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895