Rio Grande do Sul: energia renovável e conectividade impulsionando a nova economia digital
Por Juliano Pereira, diretor financeiro do Sindienergia-RS
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O avanço da tecnologia e o crescimento exponencial no volume de dados digitais têm impulsionado a demanda por data centers, elementos essenciais para a economia moderna. O Rio Grande do Sul está em uma posição privilegiada para se tornar protagonista nesse setor, aproveitando sua matriz energética diversificada, localização estratégica e a crescente integração com a nova economia digital.
Embora historicamente destacado pela agricultura, pecuária e indústria, o Estado possui hoje a oportunidade de liderar a transição para uma economia de baixo carbono, com as energias renováveis desempenhando papel central. O RS foi pioneiro no Brasil no desenvolvimento de projetos de energia eólica, consolidando-se como líder nesse segmento. Além disso, o Estado apresenta alto potencial para a energia solar, com vastas áreas disponíveis para a instalação de parques fotovoltaicos e para a biomassa, com abundância de resíduos agrícolas e florestais que podem ser convertidos em energia. Essas fontes complementam a energia hídrica, outra força do Estado, criando uma matriz sustentável e preparada para atender às necessidades de indústrias intensivas em consumo energético, como os data centers.
A integração dessas energias limpas com a infraestrutura de conectividade reforça ainda mais a competitividade do Estado. A proximidade com o cabo submarino Malbec, que conecta o Brasil à Argentina e ao resto do mundo, garante baixa latência para operações digitais, enquanto a infraestrutura de transmissão de energia, já robusta e com capacidade para expansão, oferece segurança para novos investimentos. Diferentemente de outras regiões do país, como o Nordeste, que enfrenta gargalos na transmissão e eventos de curtailment, o RS já realizou investimentos estratégicos que garantem margens disponíveis para novos projetos de geração e transmissão.
Outro ponto crucial é o papel crescente da inteligência artificial (IA) na transformação digital e seu impacto na demanda por energia. Tecnologias de IA, como aquelas empregadas em buscas avançadas, consomem até 10 vezes mais energia do que processos tradicionais. Nesse cenário, a necessidade de data centers alimentados por fontes renováveis se torna indispensável. O RS, com sua matriz energética limpa e infraestrutura preparada, posiciona-se como uma solução estratégica para mercados emergentes que buscam aliar inovação à sustentabilidade.
A instalação de data centers no Estado não apenas impulsiona o setor tecnológico, mas também gera empregos qualificados, estimula a expansão de projetos de energia limpa e fortalece a economia local. O investimento de R$ 3 bilhões da Scala Data Centers, que construirá a Scala AI City em Eldorado do Sul, é um exemplo do potencial transformador dessa integração entre tecnologia e sustentabilidade. Com projetos como este, o Estado consolida-se como um hub global de inovação, liderando pelo exemplo na adoção de soluções de energia renovável para suportar o crescimento da nova economia.
Como gaúcho, acredito que essa é a chance de o Estado redefinir seu futuro, construindo um modelo econômico sustentável que alie tradição e modernidade. As energias renováveis são mais do que um diferencial. São a base para transformar desafios em oportunidades e colocar o RS na liderança da economia digital e verde. Afinal, como diz nosso hino, "sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra".