Lord: um cão blogueiro

Lord: um cão blogueiro

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Vale a pena visitar o Blog Memórias de um Lord. Lord é um peludo muito sapeca que "conta sua história de vida de um modo alegre e comovente". Claro que com apoio da mãe humana Patrícia Macedo, ele conta suas  aventuras de Lord e das maninhas peludas Susi, Sarita e Dara.

"Rolf! Rolf! Uuuuuuuu. Au au.
Não me compreendem não é mesmo? Pois, bem escreverei na língua de vocês. Meu nome é Lord. Sou uma bela mistura de coisa alguma com Border Collie. Sim. Sou um cão. Hoje devo ter cerca de dez ou doze anos. Meu pelo já está embranquecido. Cheguei na casa da minha humana em uma madrugada quente. Era novembro de 2006. Eu zanzava pela zona sul de Porto Alegre, perto do trabalho de um moço. Nesta noite o gerente de onde esse moço trabalhava me viu, e me deu um chute. Gritei de dor. Eu estava com uma pata estraçalhada por um Pitbull (Sou meio invocado e provoquei a briga, mas ele não precisava ter me maltratado tanto. Uns latidos me fariam calar), muitas cicatrizes pelo corpo, dentes quebrados, um pedaço de língua faltando e um dedinho decepado.
Meu estado de saúde era péssimo. Esse moço (que se chama Luciano) apiedou-se de mim. Amarrou-me perto dele e assim que terminou seu expediente, me levou para a casa da noiva dele. Ouvia-o dizer pelo celular enquanto me levava: - Amor, te arruma porque achei um cachorro com uma pata quebrada e está cheio de sarna. Vamos levá-lo até a veterinária. Essa é uma humana que diziam ser médica de animais. Só lembro de ela olhar minha pata e fazer cara de nojo. Depois me levaram para uma casa. Quando cheguei lá, uma humana de mais idade veio me receber com um largo sorriso. Era a mãe da Patrícia. Seu nome era Léa. Gostei dela de fuça. Ops, de cara. Colocaram-me no pátio (eu iria ficar dentro de casa, mas já havia uma cachorrinha extremamente possessiva e que não aceitou minha chegada). Lá havia uma cama fofa, um pote de comida e outro de água. Minha dor era tanta que eu nem reagi.
Do jeito que me largaram eu fiquei. Fui acordado pela Patrícia na manhã seguinte mexendo no meu pelo e dizendo: - Mas isso não é sarna! São cicatrizes! De todas as maneiras ela tentou fazer com que eu comesse. Serviu-me leite com pão, ração, arroz e carne picada. Não comi. Ainda estava anestesiado pela dor. Patrícia saiu. Fiquei só com a vó Léa (assim ela dizia se chamar). Passei o dia todo quieto, morrendo de medo daquela cusquinha invocada. À noitinha, Patrícia retornou. Ouvi seus passos de longe. Fiquei todo faceiro. Quando me viu, me abraçou, dizia me amar, que eu ficaria bem e que ela nunca me abandonaria. Senti gotas úmidas rolarem pelo meu focinho (descobri que essas gotas se chamam lágrimas). Prestei atenção em tudo o que ela dissera, e em retribuição, enchi ela de beijos (lambidas).
Senti um gosto doce e salgado ao mesmo tempo. E lá foi ela buscar comida para mim. Desta vez, comi com gosto. Um arroz com guisadinho preparado pela vó Léa. Pude ver um sorriso nela. Mais tarde, ouvi uma conversa das duas (mãe e filha) sobre mim. Não ouvi muito, mas o pouco que entendi me atordoou. E ao mesmo tempo me confortou. Pati (neste momento já estávamos mais íntimos) dizia: - Liguei para a veterinária mãe. Quando perguntei qual procedimento deveria fazer agora com o Lord, ela me disse que ele era um cachorro de rua e que não valia a pena eu gastar com ele! Bati o telefone na cara dela, e prometi a mim mesma cuidar dele até sua partida.
Ora! Então só porque eu era “um cachorro de rua” não merecia tratamento? Escolheu ser médica dos bichos para que então? Se não é pra curar? Senti medo. Senti alegria. Senti tristeza. Senti gratidão. Todos os sentimentos juntos. Resolvi dormir. No outro dia, me levaram até um moço de jaleco branco. Como ele ficou feliz em me ver! Acarinhou minha cabeça e dizia: - Tudo vai ficar bem meu amigo. Me colocaram numa sala e bateram muitos retratos. Uma foto de cada parte do meu corpo. Estava achando aquilo o máximo. Só não gostei quando me enfiaram uma agulha para tirar sangue. Exames, diziam os humanos.
Depois daquela sessão de fotos, o moço do jaleco branco (que descobri se chamar Dr. Valério) fala para minha humana: - Mãezinha, o Lord está com ostiomelite, uma infecção grave nos ossos. Não posso operá-lo com esta infecção. Vamos ter que tratar primeiro. A pata está seriamente comprometida, os tendões foram rompidos e teremos que refazer. Blam! Senti como se batessem uma porta na minha cara. Pati chorava. Abraçou-me tão forte que quase sufoquei. E mais uma vez ela disse que faria tudo por mim. Olhei para ela e disse: - Mãe, fica tranquila porque tudo isso vai passar e logo vou correr por aí. Eu sou forte! Este é apenas o início da minha história. Me acompanha?"

*Em cada coluna, Lord conta um pouco de sua vida canina. Suas alegrias, aventuras e tristezas. Também apresenta dicas de bons livros relacionados aos animais, de saúde e de eventos. Para isso, basta visitar:

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