A insegurança como prioridade

A insegurança como prioridade

Milhões de carros muito velhos viram incômodas sucatas nas ruas

Renato Rossi

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Na mídia social, num segmento dedicado à “lata velha”, surgem fotos e vídeos de veículos abandonados pelo Brasil. Ou que ainda possuem algum “ser em risco de vida” que os dirige. São milhões de carros muito velhos que também viram incômodas sucatas nas ruas. A falta de um prazo de vida razoável para um veículo induz a que carros produzidos há 30, 40, 50 anos continuem em circulação. O Brasil tolera o “velho e inseguro”, numa postura do direito de ter um carro mal conservado que serve ao trabalho e lazer.

As iniciativas de substituição da frota pela reciclagem e instituição da inspeção veicular obrigatória bateu de frente com políticos populistas. Que sempre visaram aos votos das periferias pobres onde circula a maior parte dos carros com mais de 30 anos. Houve articulações entre montadoras e governo que resultou na redução de IPI para modelos 1.0. Mas nunca houve uma consistente política de renovação de frota baseada na inspeção veicular, que enviaria à reciclagem automóveis sem a menor condição de rodagem. Os “sem condição”, com carroceria corroída, freios que não freiam, volante que gira antes ou depois das rodas. São carros e caminhões potencialmente mortais cujos donos acreditam na imortalidade. 

O aventureiro a bordo do Dodongo, o Fusca com 44 anos de fabricação, morreu tragicamente ao bater de frente em um Escape. Mas a mulher e a filha que estavam no SUV se salvaram. As autoridades da Administração Nacional de Segurança no Trânsito de Rodovias dos Estados Unidos (NHTSA) agora querem saber como o Fusca “ancião” transitou por estradas americanas sem autorização. Isto é crime grave nos EUA, já que a segurança viária e humana é prioritária em um país com 260 milhões de veículos.

 


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