Recuo estratégico

Recuo estratégico

Guerra seria desastrosa para o setor automotivo que já enfrenta a falta de semicondutores

Renato Rossi

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O recuo aparente do Exército russo trouxe um alívio, ainda que momentâneo, para a humanidade, pois a crise envolve potências nucleares. A imprevisibilidade comandará as ações em um possível confronto entre Rússia, China e Estados Unidos. E a guerra seria desastrosa também para o setor automotivo que já enfrenta os desafios da pandemia e da falta de semicondutores.

Em 2021, as montadoras deixaram de produzir mais de 10 milhões de unidades. Isto as obrigou a reduzirem a escala de produção, o que aumentou o preço do veículo no mundo. Para a Ucrânia, a guerra destruiria um setor vital de sua economia: a poderosa indústria de peças e equipamentos sofisticados, que tem 80% dos produtos direcionados a fabricantes de veículos globais. As empresas fornecedoras de componentes tiveram lucro de mais de 6 bilhões de euros no ano passado. E o setor de TI significa mais de 200 mil empregos.

A Ucrânia é uma das líderes mundiais da Tecnologia da Informação, essencial às grandes marcas. Em recente entrevista, o presidente mundial do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, afirmou que o carro do futuro é o software. Quem não tiver o melhor software estará “fora do jogo”. A Volkswagen é cliente das empresas de TI da Ucrânia, cujo país já produz avançadas baterias para carros elétricos. BMW, Audi, Mercedes-Benz e General Motors compram sistemas informatizados ucranianos. A Rússia, que tem também uma poderosa indústria automotiva com capacidade de produção de mais de 2 milhões de unidades por ano, também compra peças e componentes na Ucrânia. Este amplo cenário econômico, com certeza induziu, ao recuo da Rússia. A tendência é que não avance sobre a Ucrânia sob risco de destruir sua própria economia. Aliás, se avançar o risco, não será para a autopeça, será para a humanidade.


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