Violência contra ciclistas

Violência contra ciclistas

Desrespeito a quem está em uma bicicleta chega a casos de total agressividade

Renato Rossi

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Andrea saiu de casa para andar de bicicleta. Mas, como milhões de seres humanos neste país violento, foi pega pelo longo braço da violência. Neste caso, contra a mulher. O braço que se projetou pela janela do carro em movimento sintetiza tudo que o Brasil tem de pior: violência desenfreada, falta de respeito humano, preconceitos e agressão contra a mulher e minorias.

Infelizmente ao escolher pedalar numa rodovia interiorana de fluxo veloz fez a escolha errada. Estaria segura com sua bicicleta na cidade de Munique, na Alemanha, que tem a maior rede cicloviária urbana do mundo. Onde motoristas respeitam ciclistas. No recente Salão do Automóvel de Munique a bicicleta ocupou uma grande área ao ar livre. Isto mostra que as montadoras entendem a bicicleta como o veiculo útil e necessário à mobilidade urbana. 

Mas Andrea curtia o momento e pensava estar segura. Se enganou. Um carro popular com quatro homens a bordo veio veloz por trás. O braço surgiu, a mão obedeceu ao instinto bestial e apalpou a ciclista, num assédio sexual violento e explícito que ainda choca na exposição do ato vil na mídia. A ciclista caiu e, por sorte ou ajuda de Deus, não foi atropelada. Salvou-se com escoriações, mas com terrível trauma. 

Se este estupro motorizado tivesse ocorrido nos Estados Unidos, o assediador pegaria uma pena alta de cadeia. Neste Brasil, o estuprador motorizado disse ao delegado que “nem viu a ciclista”. O braço e a mão boba também estavam a lazer e encontraram a ciclista. Afinal, no Brasil, a vítima é sempre culpada. Ainda mais se for mulher. Com muito mais bicicletas em circulação, a violência contra ciclistas se multiplica. Quanto à Andrea, pedale. Mas daqui para frente leve junto uma viatura policial e dois seguranças.


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