Íntimo e universal

Íntimo e universal

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O mito da chegada do homem até a Lua tem inspirado muitas obras. E com uma destas inspirações surge “The First Man” (“O Primeiro Homem”), dirigido por Damien Chazelle (o mesmo de “La La Land”), que foi beber na biografia do astronauta Neil Armstrong, escrita por James R. Hansen. Estrelado por Ryan Gosling, o longa, que abriu o 75º Festival de Cinema de Veneza neste ano e foi também aplaudido no Festival Internacional de Cinema de Toronto (Tiff 2018), surge como obra para ser vista, se possível,  frente à enorme tela de projeção Imax ou tecnologia da rede UCI, e com o intenso e necessário som, para envolver-se totalmente nos momentos descritos por Hansen e filmados por Chazelle. O roteiro de Josh Singer (que já nos envolveu em “Spotlight – Segredos Revelados”) causa incômodos momentos ao nos colocar dentro das diversas cápsulas da Nasa que precederam o intento de deixar a famosa pegada que ainda deve estar na Lua.

Deve haver sim um realismo proposital em toda a trama, que nos mostra um Armstrong introvertido, magoado e sofrido, por situações familiares complexas. Também nos mostra o homem obcecado com o desejo de chegar ao satélite, e lá praticar o ato mais importante de sua vida até então.

E não pense que seja a tal pegada e os pulinhos que vemos nas imagens que nos remetem ao fato, em comerciais e documentários. Há algo de mais humano e mais profundo entre o tal “um passo para o homem e um salto para a humanidade”. Trata-se da humanidade de Armstrong, por trás da talentosa inexpressividade de Gosling. Seu “nada na cara” potencializa intensamente qualquer expressão que surja depois. Assim como os silêncios impressionantes depois de ruídos insuportáveis durante a trama.

O filme, produzido por Steven Spielberg, não conta tudo. Como a gente sabe que a missão para a Lua foi um sucesso, não tem spoiler ao dizer que a intensidade está na volta, mas que não vai até o fim da vida daquele que se tornou herói de uma geração, e que deixou marcas, lá em cima e aqui embaixo.


Vale atenção para o papel da Clayre Foy vivendo Elisabeth Armstrong, esposa amorosa, paciente, dedicada mas firme, ao lado do marido em seus vários momentos de idas e voltas. Clayre também brilhou no papel de outra Elizabeth. A Rainha da Inglaterra, na serie “The Crown’.

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