publicidade
salva-vidas na Praia do Futuro, local turístico próximo a Fortaleza (Ceará). Ele tem um irmão mais novo, Ayrton, pré-adolescente, com quem
frequentemente brinca na praia. Quando dois estrangeiros entram no mar e não conseguem sair, Donato e um colega entram em ação. Mas a vítima que
Donato tenta resgatar não se salva. Ao fracassar pela primeira vez em seu trabalho, Donato fica abatido e acaba conhecendo o alemão Konrad
(interpretado pelo alemão Clemens Schick), amigo da vítima. E desta forma se inicia uma relação gay entre eles. Motivado pelas circunstâncias,
Donato resolve ir para Berlim, deixando para trás a família. Anos mais tarde, Ayrton, vivido na fase adulta por Jesuíta Barbosa,
embarca para a Europa em busca daquele que considerava o seu herói. E chega amargo, trazendo a dor do abandono. Barbosa foi considerado uma
revelação do cinema nacional desde o ano passado, pelo seu papel de um jovem gay em “Tatuagem” (prêmio de Melhor Ator no Festival de Cinema do
Rio 2013). O estilo do diretor Karim Aïnouz sempre foi forte e, por vezes, ácido, tendo na carreira filmes como “Madame Satã” e o “O Céu de Suely”. Por
isso, não era de se esperar que este filme fosse diferente. É um drama que aborda questões como as perdas e ganhos de escolhas tomadas na vida.
Donato deixa sua terra e família por um romance, mas têm de enfrentar a adaptação a um outro país. E o fato de o diretor optar por poucos
diálogos, em que tudo que pode ser exibido na imagem não é dito em palavras, mostra o apuro estético da obra (estética que destaca o corpo
masculino, inclusive com nus frontais). Mas acaba por tornar a narrativa um tanto seca, com pitadas de poesia apenas no final.
Adriana Androvandi