Brilho da Furiosa

Brilho da Furiosa

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Saudade do Mel Gibson. Esta é uma das sensações que deixa "Mad Max: Estrada da Fùria", do cultuado diretor George Miller. As quase duas horas de filme se concentram em perseguições de carros e caminhões adaptados no conhecido mundo pós apocalíptico apregoado pela produção e suas outras correções cinematográficas. Ao não mostrar, de cara o rosto de Tom Hardy, encoberto por aquela barba que sabemos que logo será cortada, traça-se um caminho do personagem. Apagadíssimo, ante a fúria de Charlize Theron, vivendo Furiosa, uma espécie de Ripley com prótese  (a personagem de Sigourney Weaver do "Alien"), Hardy vai sumindo cada vez mais, num filme que exalta a força vital do feminino, da sobrevivência de quem dá a luz e pode dar esperança ao mundo já desesperançado. Nada contra a ideia. Mas o caminho do Mad Max de Miller, amparado na lembrança do Mel Gibson sofredor, mas com energia, se dilui nesta panacéia de corridas nas areias , com cenas gravadas na África e na Austrália. Se você não gosta de sangue, pode ficar tranquilo. É o que menos tem no filme. E o pouco que tem não se vê de onde vem, e é limpo com leite.... a vida se sobrepondo à morte.... Pode-se esperar mais de uma tradição, que garantiu fama mundial a Miller, com o charme trash que levou ao estilo filme B. O som tem uma edição primorosa. De Verdi a Massive Atack, as sonoridades também criam o clima necessário para envolver o espectador que se entregar à trama. O argumento não é nenhuma novidade.  Mundo pós apocalíptico oprimido por ditador amparado em força bélica e detentor das chaves que liberam água para o mundo seco ao seu redor. Quando surge o revolucionário (neste caso "a") e decide virar o jogo. Aliada ao desconhecido errante, ela mostra sua força e seu desejo de sobreviver, apesar da desesperança que a cerca. Tema para muitas reflexões, "Mad Max: Estrada da Fúria"  pode também ser só divertimento, com grande possibilidade de impacto visual e sonoro, unindo tecnologia 3D ao Imax.... Aliás, ao que parece, Mel Gibson até ia fazer uma ponta, como um andarilho que cruzaria o caminho dos novos protagonistas. Não teria aceitado, quando soube que deveria integrar a troupe de divulgação mundial do filme, da Croissette de Cannes a outras latitudes do universo do divertimento. Prefere seguir em uma espécie de solidão, emulando o Mad Max que ajudou a criar nas telas.

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