Complexo e exigente

Complexo e exigente

'O Pintassilgo', filme dirigido por John Crowley, é adaptado do romance homônimo escrito por Donna Tartt

Marcos Santuario

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Não é simples adaptar uma obra literária às telas de cinema. Em "O Pintassilgo", filme dirigido por John Crowley, e adaptado do romance homônimo escrito por Donna Tartt, essa missão acaba se perdendo na complexidade de um personagem que, no livro, ocupa mais de 700 páginas de enredo. Condensar isso levou quase a duas e meia de projecao, com roteiro fragmentado de Peter Straughan. Fácil perder-se no emaranhado de idas e vindas da trama. Exige concentração. Atenção e dedicação ao flanar pela narrativa. Não é pura diversão. É arte reflexiva, com pitadas de suspense. Tudo dificultado por constantes idas e vindas no tempo e no espaço dos personagens.  Na trama está a história de Theo Deckerq que, aos 13, sobrevive a um atentado à bomba em um museu, mas perde a mãe.

Em meio à destruição, Theo salva O Pintassilgo, a pintura de Carel Fabritius que se transforma em um vínculo com aquele momento trágico. Depois de passar um tempo com a abastada família de um amigo de infância, representada pela matriarca vivida por Nicole Kidman (uma versão condensada de vários personagens do livro), Theo é condenado a viver com o pai até então ausente (Luke Wilson) e a madrasta Xandra (Sarah Paulson). É lá que ele conhece Boris (Finn Wolfhard), um pálido e sensível ucraniano com acesso à drogas. Dai se gera uma relação que cria momentos de intensidade no filme. Mas não são capazes de sustentar a trama levada às telas. O excesso nas narrativas transforma o projeto em resumo, mais do que em adaptação. É a relação do garoto, da pintura, das personagens que permeiam esse universo, tudo misturado, criando, por vezes atmosferas pouco expressivas e camadas que ao invés de enriquecer a trama, fazem perder força narrativa. Não se trata de tempo perdido... Mas de obra para paciência e benevolente assistência .

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