Dores inocentes

Dores inocentes

"Inocência Roubada" acaba sendo um filme que, além dos abusos e pedofilia, vai fundo ainda no que se relaciona com perdas, dores e angústias.

Chico Izidro

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"Inocência Roubada" (Les Chatouilles), dirigido pela dupla de estreantes Andréa Bescond e Eric Métayer, não é um filme fácil de se assistir, pois trata de um tema pesado, o abuso sexual feito por pedófilo em uma menina de pouco mais de oito anos de idade. E como o incidente atrapalhou a personagem principal em sua vida adulta.
 
Aos oito anos, Odette (Cyrille Mairesse) gostava de pintar e desenhar, como todo criança de sua idade, mas passou a ser abusada por um amigo de seus pais, Gilbert Miguié (Pierre Deladonchamps). Inocente, a menina não entendia o que se passava com ela quando aceitava participar de uma brincadeira batizada pelo pedófilo de "guerra de cócegas", e se mantinha calada, pois ele dizia a ela que aquilo era um segredinho deles.
 
Anos depois, já adulta, Odette (Andréa Bescond) é assombrada por aqueles estupros, e tenta esquecer o incidente através da dança e fazendo terapia. Mas o abuso sexual na infância provocou nela vários bloqueios, como dificuldade em se relacionar e instabilidade profissional.
 

A pequena Cyrille Mairesse segura muito bem as pesadas cenas de abuso sexual, mostrando com um olhar perdido como a perda de inocência é vista na infância. Já a interpréte adulta de Odette, Andréa Bescond, rouba toda a cena, entregando-se em cada cena. Deladonchamps não fica muito atrás, mostrando todo o cinismo e podridão de um pedófilo. E Karin Viard e Clovis Cornillac como a mãe e o pai da protagonista também vão bem. "Inocência Roubada" acaba sendo um filme que, além dos abusos e pedofilia, vai fundo ainda no que se relaciona com perdas, dores e angústias.


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