Intensamente suspeito

Intensamente suspeito

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Há quem diga que já viu de tudo nas telas. Ou, pelo menos, quase tudo. Em cinema, os mais aficionados, costumam deparar-se com tramas reconhecidas e roteiros que "lembram vagamente outros filmes"... Provável que alguém diga isso de "Os Suspeitos", do jovem diretor canadense Denis Villeneuve. Pois é verdade que estórias como esta, roteirizada por Aaron Guzikowski (o mesmo de "Contrabando"), podem já ter sido vistas e filmadas. Mas, nem por isso o suspense com tons policiais psicológicos intensos, deixa de ser interessante. No encontro com a imprensa, na recente edição do Festival Internacional de Cinema de Toronto (Tiff), no Canadá, o diretor e parte da equipe do filme foram convincentes em falar sobre a intensidade vivida em todas as locações da trama. Na exibição canadense o filme foi aplaudido e tirou fôlego das plateias que lotaram as exibições. Na tela, a cidade é  Boston, Estados Unidos, onde o personagem Keller Dover (interpretado por Hugh Jackman) leva uma vida regrada e feliz ao lado da esposa Grace (com a bela Maria Bello) e os filhos Ralph (Dylan Minnette) e Anna (Erin Gerasimovich). Em  dia de festa, a família visita a casa dos amigos Franklin (o ótimo Terrence Howard) e Nancy Birch (Viola Davis), seus vizinhos. É neste dia de "Ação de Graças" que o desaparecimento de membros das duas famílias dão a guinada ao que parecia uma vivência familiar delicada e entusiasmante. Desesperadas com o acontecido, as famílias apelam à polícia e logo o caso cai nas mãos do detetive Loki (Jake Gyllenhaal). Não demora muito para que ele prenda um suspeito, Alex (Paul Dano perfeito no papel),  que tem o QI de uma criança de 10 anos e, por isso, a polícia não acredita que ele esteja envolvido com o desaparecimento. E é a partir de decisões policiais na investigação que o personagem de Jackman decide fazer "justiça com as próprias mãos", colocando em dúvida suas próprias crenças, religiosas, éticas e morais. Intenso e psicologicamente violento, o suspense segue dando cambalhotas pelo roteiro, até chegar a um final aberto. Decisão dos realizadores que, mesmo não agradando a todos, encontra adeptos e empolgados cinéfilos que se deliciam com a trama.  Atenção para os silêncios e para a atuação de Jake Gyllenhaal, que acaba sendo mais intensa que a do eterno Wolwerine, Jackman. Uma trama para deixar-se levar e, inevitavelmente, colocar-se no lugar dos personagens... todos e cada um.

Marcos Santuario

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