Luzes e sombras

Luzes e sombras

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O drama “O Estranho que Nós Amamos”, dirigido por Sofia Coppola (EUA, 90min) é adaptado do livro de Thomas Cullinan. A história se passa durante a Guerra Civil dos EUA, quando estados do Sul e do Norte combateram pró e contra o regime escravagista, respectivamente. Em meio a este período histórico, a narrativa recai sobre uma escola para meninas no sul da Virgínia comanda pela sra. Martha (Nicole Kidman). A guerra é percebida ao longe pelos sons de tiros de canhões e por militares que passam vez ou outra pela propriedade. Mas, na maior parte do tempo, as mulheres vivem isoladas.


Certo dia, uma aluna encontra um soldado ferido (Colin Farrell) e o leva para casa. Após um primeiro momento de agitação, o grupo decide cuidar do homem, apesar de ele ser do exército inimigo, até ele ficar bom e poder ir embora. Mas a simples presença dele altera o comportamento das mulheres da casa. Algumas se enfeitam mais e há uma nítida competição para chamar-lhe a atenção. O convalescente pensa em tirar proveito da situação, mas não será fácil com o clima de tensão que surge no ambiente. O elenco feminino conta ainda com Kirsten Dunst, Elle Fanning e Oona Laurence, além de atrizes mirins.


Por este trabalho, Sofia ganhou o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cinema de Cannes neste ano. Em entrevistas, ela  explicou que sua proposta foi a de um novo olhar sobre o livro, e não uma refilmagem de uma primeira adaptação já feita em 1971 por Don Siegel e que tinha Clint Eastwood como protagonista. Sofia também destacou que, na narrativa, o que poderia ser um sonho para qualquer homem, pode tornar-se um pesadelo. Deixando de lado um enfoque sobre a escravidão, a ênfase recai sobre uma questão psicológica.


A estética do filme é repleta de luzes e sombras, que, além de representar a geografia do lugar, também dá margem à interpretação da dualidade dos personagens. As filmagens ocorreram na Madewood Plantation, casa construída e projetada no século XIX na Louisiana. A fotografia, apesar de ressaltar belos recantos, é um tanto sombria. Se, por um lado, retrata bem o período, em que só havia luz de velas, pode deixar margem para uma metáfora sobre a psiquê dos personagens em tempos difíceis.

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