Racismo futebolístico

Racismo futebolístico

Documentário “Forever Pure” mostra a irracionalidade de uma torcida de futebol em Israel e está disponível na Netflix

Chico Izidro

Torcedores do Beitar Jerusalem mostram cartaz em hebraico com os dizeres: 'Beitar sempre será puro'

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A história é tão insólita, que mais parece ficção. Porém, o documentário “Forever Pure”, dirigido por Maya Zinshtein, é a mais realidade, triste realidade. A história mostra o fanatismo do time mais popular de Israel, o Beitar Jerusalem no difícil ano de 2012. Naquela temporada, a equipe lutava contra o rebaixamento, e após uma viagem a Chechênia para um amistoso, o seu presidente Arcadi Gaydamak, um multimilionário nascido na Russia, anunciou a contratação de dois jogadores chechenos.

Até aí tudo bem. O problema que os jogadores Zaur Sadayev e Dzhabrail Kadiyev eram muçulmanos, ou para os racistas, simplesmente árabes. E isso era inaceitável. A diretoria do clube acabou comprando uma briga homérica com a torcida radical do Beitar, intitulada La Familia. Ela passou a ameaçar os dirigentes e os jogadores. Durante as partidas, chegaram a levar uma faixa com os dizeres: 'Beitar sempre será puro'. Os torcedores também entoavam cânticos, e um deles dizia: “Somos a torcida mais racista de Israel”.

A irracionalidade de La Familia ficou mais gritante em um jogo onde o atacante Zaur Sadayev marcou um gol pelo Beitar. Ao invés de comemorar, os torcedores abandonaram o estádio, e a partir daí instituíram um boicote ao time. Até a torcida que era contra a atitude racista, abandonou as arquibancadas.

Os dois jogadores chechenos receberam apoio apenas de dois colegas, um atacante argentino e o goleiro e capitão. O argentino chegou a declarar não entender a atitude da torcida: “O povo judeu é um dos mais perseguidos da história da humanidade, sempre sofreram com o racismo e fazem isso?”, desabafou.

No final das contas, a torcida racista acabou ganhando a queda de braço com a diretoria, e acabou liberando os dois atletas no final da temporada, seguindo sem contratar até hoje jogadores árabes – negros, cristãos, protestantes estão liberados.

O filme é chocante e mostra a divisão desta sociedade, que não aprendeu com a história, e pelo que passaram os seus antepassados – vide a Alemanha Nazista.

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