Real e angustiante

Real e angustiante

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"A Voz do Silêncio", dirigido por André Ristum, é um forte drama passado na gigantesca São Paulo, e fala sobre solidão, desesperança, relações humanas. O filme tem um ritmo lento, e inicia com um clima de mistério, mostrando o cotidiano de várias pessoas, nos deixando em suspense, pois ficamos esperando que as vidas dos personagens em determinado momento se cruzem. A música do rapper Criolo, “Não Existe Amor em SP”, é a trilha sonora. Não gosto deste estilo musical, mas a música é forte, e marca bem as cenas que ilustra. Os personagens são interpretados por excelentes atores, como Marieta Severo, Marat Descartes, Cláudio Jaborandy, Augusto Madeira, Ricardo Merkin, Stephanie de Jongh, Milhem Cortaz, Nicola Siri e Arlindo Lopes.

Aliás, a história de Marieta é a mais forte. Ela vive Maria Claudia, uma mulher que vive trancada em seu apartamento, meio amargurada, meio adoentada. A filha quer ser cantora, mas é dançarina de pole dance em uma boate, e ela acredita que o filho esteja viajando pelo mundo - o rapaz tem AIDS e foi expulso por ela, e trabalha no centro de São Paulo, num call-center. E Maria Claudia está sempre com a TV ligada, onde aparece um programa evangélico, com um pastor interpretado por Augusto Madeira, ex-Zorra. Já Marat Descartes vive um advogado meiuo desonesto e trambiqueiro. Outro destaque é o argentino Ricardo Merkin, que representa um radialista com os dias de vida contados. Enfim, são nove personagens cujas vidas são interligadas, num filme que finaliza angustiante e aberto às dúvidas.

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