Sorte lançada
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Quem me recomendou o filme foi Fernando Meirelles, quando conversávamos sobre produções que estariam prontas em 2014. "Será um dos bons filmes do ano", resumiu. Assisti pré-estreia ao lado da protagonista Déborah Secco, e acompanhei atento a todos os movimentos "da tela e da bela". Comprovei o que Meirelles havia vaticinado. "Boa Sorte", da Carolina , "filha do Arnaldo", Jabor é um drama que envolve e retoma um assunto visto em algumas produções marcantes, como em "Bicho de Sete Cabeças", consagração cinematográfica do protagonista Rodrigo Santoro. Drogas e clínicas psiquiátricas sempre podem render boas narrativas e desafiadoras performances de atores. Ou não. Nesta obra, Déborah transita com desenvoltura pelo texto cinematográfico baseado na mente inventiva e contemporânea do gaúcho Jorge Furtado (tendo ao lado o filho Pedro) e seu "Frontal com Fanta". A atriz vive Judite, moça internada que desperta paixões no adolescente João (vivido na medida da adolescência por João Pedro Zappa), em meio ao convívio dos dois em uma clínica psiquiátrica. Com a coadjuvância de luxo da "dama" Fernanda Montenegro e dos consagrados Cássia Kiss e Felipe Camargo, a trama mostra o crescer de um romance, em um tempo de vida que se torna cada dia mais curto. O lúgubre possível dos transtornos de comportamento e do universo das drogas não impera na "ópera prima" de Carolina. O que exalta é a possibilidade de um intenso romance dentro de um espaço improvável e a possibilidade de encarar a vida de outra forma, encontrando novos sentidos para insistentes questionamentos. A ambientação não interfere, por não estar nem "para mais" ou "para menos". Na medida certa, funciona como personagem secundário, sem opacar a trama. Deborah mostra talento, ao perder quilos (11), ganhar energia interpretativa e convencer na dramaticidade da personagem. Com produção executiva de Guel Arraes e da própria Deborah, "Boa Sorte" abre novos caminhos para a atriz, reconhecida "Bruna Surfistinha" e protagonista de novelas contemporâneas. Acreditei quando ela me disse: "Esse é o papel mais importante que já vivi". Marcos Santuario
