Porto Alegre recebe Semana Fashion Revolution

Porto Alegre recebe Semana Fashion Revolution

Série de atividades gratuitas ocorre em vários pontos na capital de 22 a 27 de abril

Lou Cardoso

Programação da Semana Fashion Revolution nos dias 22 a 27 de abril em Porto Alegre

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Porto Alegre recebe a Semana Fashion Revolution a partir desta segunda-feira. O evento une marcas, estudantes, trabalhadores e consumidores da moda para uma série de atividades gratuitas e debates sobre a indústria. A programação está inserida em um cenário mundial de atividades que une mais de 100 países e 50 cidades em todo Brasil. 

A Capital já virou referência de sustentabilidade na moda. De acordo com Lívia Duda, coordenadora local do Fashion Revolution em Porto Alegre, a cidade gaúcha sedia o movimento desde 2016 e a expectativa para esta quarta edição é atrair cada vez mais pessoas para repensar a forma como a moda é produzida e distribuída. O evento ocorre em vários pontos em Porto Alegre de 22 a 27 de abril. 

"Estamos esperando um público que já conhece o movimento, mas queremos que mais pessoas de fora do universo da moda consigam entrar dentro deste assunto e entender a ideia do movimento, e tudo que a moda pode trazer em relação ao consumo, a matéria-prima, a mão de obra. Queremos abrir para a comunidade também debater", enfatizou. 

“Queremos estimular as pessoas a perguntar #quemfezminhasroupas e a valorizar os trabalhadores que estão por trás de cada peça que vestimos”, reforçou. 

Transparência

O Fashion Revolution foi criado após o desabamento do Rana Plaza, que abrigava confecções de roupas em Bangladesh, há 6 anos, no dia 24 de abril de 2013, deixando mais de 1.100 mortos e 2,.5 mil feridos. O dia 24 de abril ficou marcado como o Fashion Revolution Day e a celebração se estende durante a Semana Fashion Revolution.

“Por aqui, a ideia é reunir pessoas para debater sobre temas relacionados à moda e à sustentabilidade, incentivar a transparência na cadeia produtiva da moda e a conscientização sobre o consumo”, detalhou Lívia. 

Segundo a Lívia, o Fashion Revolution é um ambiente para mostrar os dois lados opostos da moda."A moda, ao mesmo tempo que lida com a vaidade humana, ela também tem o lado sombrio em relação como ela foi feita em termos ambientais e sociais. É importante que o movimento diga que o nosso 'vestir' tenha mais sentido, traga roupas com boas histórias para contar", disse. 

Por uma moda que conserva e restaura 

Neste ano, o Fashion Revolution está focado em três eixos: mudança cultural, mudança na indústria e mudança política. Na mudança cultural, o movimento quer incentivar as pessoas a reconhecerem seus próprios impactos ambientais e a agirem para mudar a cultura da moda. Para valorizar a qualidade, ao invés da quantidade. "A moda vai além do vestir, ela representa uma cultura e os seus povos. Uma interferência de fora pode deixar a cultura de lado", apontou. 

Já na mudança política, o Fashion Revolution quer reforçar a conscientização na forma como as roupas são produzidas, compradas, cuidadas e descartadas, visto que é uma responsabilidade de todos. "As empresas não têm um compromisso com o descarte de roupas. Elas não fazem da forma correta, não possuem política de resíduo sólido", exemplificou Lívia. 

Para o movimento, a mudança na indústria seria para reforçar que é preciso medir o sucesso além das vendas e lucros para valorizar igualmente o crescimento financeiro, o bem-estar humano e a sustentabilidade ambiental.

"Além da questão da mão de obra. A gente vive dentro de um conceito que a moda deveria ser barata. Ela ainda é feita por mãos humanas. Se tem uma roupa vendida por um valor muito baixo, alguém está recebendo pouco. Todos deveriam prosperar dentro da indústria", disse. 

"A gente vê como investimento, como podemos diminuir estes impactos estão presentes. A gente precisa da tecnologia para criar soluções e melhorar a roda. Ela deveria ser uma economia circular e tecnológica", concluiu Lívia. 

Programação 

O evento principal do Fashion Revolution em Porto Alegre será no dia 24 de abril, a partir das 19h, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (rua dos Andradas, 1223). O painel “Fash Rev Day: Olhares para uma Revolução na Moda” terá mediação de Karine Freire, coordenadora da pós-graduação em moda da Unisinos. Nelsa Nespolo, diretora-presidente da Justa Trama, vai falar sobre a cooperativa que abrange toda a cadeia produtiva da moda, desde o plantio do algodão orgânico até a confecção e a comercialização das peças. 

A jornalista Silvia Marcuzzo vai falar sobre mobilização pela sustentabilidade e sobre o POA Inquieta, movimento coletivo para transformar a cidade de Porto Alegre. A historiadora e estilista Claudia Campos vai abordar a valorização da cultura afro-brasileira a partir da moda e falar sobre o Fashion Black, evento que já teve duas edições na capital gaúcha e reuniu representantes da moda afro de todo País. O bate-papo terá ainda a participação da consultora ambiental Fabíola Pecce, fundadora da Pasárgada – Oficina de Sustentabilidade, que promove a cultura do lixo zero.

A programação completa da Semana Fashion Revolution em Porto Alegre pode ser conferida no Facebook


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