Gal Costa: "Eu gosto de ousar. Sempre fui assim”

Gal Costa: "Eu gosto de ousar. Sempre fui assim”

Cantora se apresenta em Porto Alegre dia 17 de março com a turnê "A Pele do Futuro"

Luiz Gonzaga Lopes

Cantora se apresenta em Porto Alegre dia 17 de março com a turnê "A Pele do Futuro"

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Com patrocínio da Icatu Seguros, Gal Costa estreou em dezembro a turnê de lançamento do álbum "A Pele do Futuro" e chega a Porto Alegre no próximo dia 17 de março, para apresentação no Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8787), às 20h. No palco, a cantora apresenta músicas inéditas do novo trabalho, como “Palavras no Corpo”(Silva/Omar Salomão) e “Sublime”(Dani Black), e ainda outras escritas por Gilberto Gil, Djavan, Adriana Calcanhotto, Nando Reis, Jorge Mautner e Marilia Mendonça. Ela também mostra novas versões para sucessos dos 53 anos de carreira (são 73 anos de idade), como "Oração de Mãe Menininha" (Dorival Caymmi) e "Festa do Interior" (Moraes Moreira e Abel Silva).

A direção geral será de Marcus Preto e a a musical é de Pupillo (bateria). A banda é formada também Chicão (teclado), Pedro Sá (guitarra), Lucas Martins (baixo) e Hugo Hori (sax e flauta). O cenário é de Omar Salomão, filho do poeta Wally Salomão que dirigiu Gal no show “Fatal” (1970). Ingressos nas lojas Multisom e no site www.blueticket.com.br. Nesta entrevista concedida ao blog Diálogos do Correio do Povo, Gal fala da sua carreira, do disco, das várias Gals, movimentos musicais, a sua ligação com o Rio Grande do Sul e principalmente com as canções de Lupicínio Rodrigues, entre outros temas.

Diálogos - Como este disco “A Pele do Futuro” se insere no contexto da tua carreira?

Gal Costa - “A Pele do Futuro” é um álbum muito especial pra mim porque eu fiz com uma sonoridade que eu sempre sonhei, que era a disco music. Eu sou muito plural e esse disco segue a linha dos trabalhos anteriores no sentido de ruptura, de dar saltos, criar novos caminhos, e me arriscar. Eu sou uma artista que gosta disso, de ousar e mudar.

Diálogos - O álbum tem parceiros ecléticos (Marília Mendonça, Dani Black, Djavan e Gil), mas que fazem o repertório ser abrangente de gêneros e temas. Como foi chegar ao resultado final de “A Pele do Futuro”?

Gal Costa - Como sempre, em todos os discos, as músicas vão chegando e o repertório vai tomando forma aos poucos. É como um quebra-cabeça. O Marcus Preto, como nos trabalhos anteriores, foi o responsável por ir em busca das músicas, pediu canções para alguns artistas e juntos ouvimos tudo que ele garimpou. As músicas foram todas mudadas, com arranjos novos, para que tivesse a intenção de disco music, de música feita para dançar.

Diálogos - A Maria da Graça que virou Gal é uma intérprete única no cenário brasileiro, cujo voz, timbre e inflexão é reconhecida no primeiro verso, assim como Bethânia, Elis, Clara, Maysa. Como que chegaste a este legado. Onde foi o ponto de virada para ser esta grande cantora?

Gal Costa - Eu tenho várias Gals dentro de mim. E todas elas refletem o que eu sou hoje. A timidez, a sensualidade. Eu sou plural, como acho que toda pessoa que deve ser. A gente está aberta para ver o mundo de várias maneiras. E eu sou assim.

Diálogos - Por falar em virada, a tua carreira nesta década deu uma mudada com a busca de novas sonoridades, de pegadas eletrônicas, ritmos, efeitos. O que mudou em Gal nos últimos nove anos?

Gal Costa - Como eu disse, eu gosto de ousar, sempre fui assim. Gosto de descobrir novos caminhos, de ouvir coisas novas, gravar coisas novas. Gosto de sair da zona de conforto e por isso estou sempre em constante mudança.

Diálogos - Falando de música de forma geral, o que você está achando do cenário brasileiro musical? Existe algum movimento musical que poderá ser reconhecido historicamente como foram a Bossa Nova, Tropicália ou Jovem Guarda?

Gal Costa - Eu acabo ouvindo pouca coisa do novo cenário. Ouço muita coisa com Marcus quando estamos à procura de repertório, mas tem muita gente talentosa aí. Agora, se vai virar algum movimento assim, só o tempo dirá.

Diálogos - Somos de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e eu gostaria de saber qual a tua aproximação com a música do Sul. Recentemente, vieste aqui fazer show em homenagem a Lupi. Existem outras parcerias com músicos gaúchos ou gostos de músicas do RS?

Gal Costa - Gosto tanto de Lupicínio que trouxemos "Volta" de volta nesse show. Faço ao piano, com Chicão, citando o arranjo original do "Índia", meu álbum de 1973. Caetano se emocionou muito nesse momento do show, ele também ama Lupicínio. Esse meu projeto cantando só coisas dele, "Ela Disse-me Assim", me fez relembrar canções que eu não ouvia desde a adolescência na Bahia. Fez eu me lembrar de João Gilberto, que cantou lindamente "Quem Há de Dizer". Um dia ainda quero gravar todas essas músicas.

Diálogos- O que falta ainda para Gal Costa fazer. Algum projeto inacabado, alguma parceria ainda não feita, algum sonho?

Gal Costa - Falta muita coisa. Não sinto a idade que eu tenho. Me sinto uma menina, ainda quero fazer muita coisa, sonhar muito.

Diálogos - Por fim, queria que você deixasse uma mensagem para o público gaúcho que irá lhe assistir no dia 17 de março, no Teatro do Sesi?

Gal Costa - Gostaria de convidar todo mundo para o show no dia 17 de março. Montamos um show lindo com músicas do disco e alguns sucessos da minha carreira, trazidas para a sonoridade do disco. Quando eu subo no palco, vem uma energia não sei de onde e eu espero que o público sinta essa energia e se divirta.


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